sexta-feira, 8 de maio de 2009

* JUNHO DE 2008

Vozes

Tivera o tempo descrito naquele exato momento o toque
deixado um recado, um bilhete, um aviso, um grito sequer
e tivesse eu ouvido que o maior amor do mundo estava ali
talvez pudesse ter acontecido o tudo

por isso não esqueça de dizer o que teu coração muitas vezes silencia por medo

Lugar

O lugar algum
àquele que o coração mora
não tem cep

quando recebe uma visita, cora

Paixão é um lugar mais não é comum
onde a viagem muda de paisagem à todo o instante

Paixão é um lugar onde não se levam mapas nem roteiros

Aproximações

perder de vista muitas vezes é um imã
o que distancia é norte
de repente vem o sul e domina
e vice-versa
com versos de Cecília

Olhares

Minha vista cansada
interpreta meu corpo
a partir dessa compreensão
sigo até onde posso,
tento chegar ao meu porto

minha vista assim se fortalece
e posso finalmente ver meu coração

Olhares II

Havia algo nos meus olhos
muito maior do que a visão
como se meu sangue tivesse
um só caminho e o destino
era uma veia aberta até teu coração

O Sol e a Lua

No fim de uma lua mora um sol louco de paixão em pleno outono
Dias perfeitos fortalecem a relação

e se tu foste somente uma andorinha
mesmo assim, com certeza, farias meu verão

A Noite e o Sol

o que faz a noite ser mais escura é a vontade ou não do sol
o que faz o sol ser mais claro é a vontade ou não da lua
às seis horas da manhã
eles fazem amor na praia

Chama

Pula a fogueira o menino
desperta no olhar a grande paixão
e a chama que vem da menina
queima de vez seu coração

E um balão vai subindo
pedindo compreensão
o amor é uma fogueira
onde brinca o coração

Permissão

Permita-me uma única frase
como se a eternidade fosse um cafezinho
Dir-te-ei: qual fase mora essa tua lua?
Responderás, eu acredito: àquela que não ouve o luar

Para que pensar em nexo ou falar que vinho seco é bem melhor
e tem mar ?

Ao permitir-me uma única frase
darás espaço ao acaso e ao viajar

Estar é fundamental numa colcha chamada "amar"

Recado

Fica um beijo tatuado de boa noite em tua boca
para clarear teus sonhos e teus luares
Fica um sonho lido nos meus lábios
que falava de amor e de encantamentos

Silêncios


quis o tempo, antes do encanto, que se fizesse silêncio
e o luar se fez palavra
havia luares em luas de pouca cor

havia procuras sem mapas
toda a conquista se faz com alguma dor
e a felicidade não exige datas
e a solidão é precisa
na maioria das vezes

14 de junho

Uma data que ata
ata o "beira-mar"
ao "céu estrelado"
de um tempo que sempre será

o ato
o contato
o tato
a flor e a pele
o arrepio do "não esquecer"

uma data que marca
as folhas do calendário
folhas de um outono
já inesquecível

Dolores foi à janela e sorriu
como se fosse a primeira manhã

Quando

quando a palavra quando
navegava em luas sombrias
até ali eu já sabia
que a canção da harmonia
estaria por chegar
eu já escutava ao longe
o canto de pássaros
que ali já me diziam
de um céu claro
que estava por clarear

então posso dizer com tranqüilidade
que a felicidade era um desenho que vivia
por entre cadernos do destino
de um menino que queria somente ser feliz

e ele que sabia a importância de ser aprendiz
hoje vê o céu sonhado
o amor desejado
de um fruto chamado "quando"
que agora tem o sabor da felicidade

Interpretações

nada do que eu poderia dizer
falaria mais do que eu não poderia dizer
a contradição mora também no silêncio e
na vontade de falar tudo o que se poderia
a palavra é um punhal que mal usado, mata
e que bem usado corta a tristeza
nada do que eu poderia silenciar
silenciaria mais do que eu não poderia calar
a contradição mora também no grito e
na vontade de calar tudo o que se poderia
a palavra é um corte que pode levar a morte
e também pode ser uma sangria que desperta para a vida

Pequena Quadrinha da primeira segunda-feira do resto da minha vida

ouviu-se um sopro que balançou com a cortina
e um voz calma dizia
que no fim do arco-íris estaria uma mina
de uma já tatuado e disfarçado de poesia

Sempre

sempre é uma chuva que não cai sempre
molha aos poucos e desaparece sem aviso
sempre é um caminho que não está no mapa
e anda aos poucos e desaparece na estrada
sempre é um menino de nome acaso
que beija sempre a menina de nome talvez

Antigas verdades

minhas roupas mesmo velhas vestem bem
bem é uma palavra que nasce n'alma
aquecer pode ser um retalho de um pensamento longe
e mesmo assim nos esquenta e nos dá calma

Despertares

aflora e cora e escora o sol
a fresta
a revessa
a festa
a determinante estrada e a incandescente sombra aos beijos

temperatura quente
mormaço
laço de "muito te querer" com porções de "nós" apertados
como fosse o amor para sempre somente um estalo de corpos

Divagações

o que digo não é apenas a relação da chuva como céu claro
o que digo é exatamente
a interpretação do copo d'água - virtual agente da inundação -
disposto a ser deserto e a ser sede
em beneficio de um coração

e não me venham falar de invernou ou verão

amor não tempo
nem deveria ter estação

Divagações II

O que determina à inconstância de um coração
é a força proporcional e a exatidão que o domina

Quirina toma dois goles diretos de tequila e diz com
cara de Quirina:

- Tua matemática me complica...
facilita e beija agora minha boca

Fantasia

Morava uma fada safada
no botão da última casa
e ao abrir a camisa
viu-se que ela tinhas longas asas

Era um menina alada
que brincava em meu portão
sonhava em ser muito amada
e me deu seu coração

Muitos anos se passaram
a vida se fez cilada
e o menino destino
encontrou de novo a fada

e viveram felizes para sempre
mesmo que o sempre,
muitas vezes, seja uma cilada

Meios

O andar da meia lua
encontra o meio luar
meia-noite claridade
vontade de iluminar

a paixão assim inteira
me faz querer viajar
e mesmo assim tão longe
moramos no mesmo lugar

A busca

A alucinação é uma menina pacata
que de tanto sonhar acordada
que de tanto sonhar com um amor
virou assim: "desbaratinada"
e não sabe mais o que é sentir dor

A lua cheia

a lua cheia e o reflexo da lua cheia
tem o mesmo caminho no mar
que clareia
que incendeia
as nossas bocas
e eu a beijo, oh lua cheia
pois teu luar me fascina
fascina a noite e todos os meus sonhos
como se as noites bebessem imãs
em meio aos vinhos tintos secos

Gaivotar

O meu voar de um pensamento gaivota
que gosta
que volta
que movimenta
o cantar
tem o sabor da tua boca
que gosta
que volta
que movimenta
o amar

e quando eu a tenho
sei o que significa realmente voar

As voltas

Os risos voltaram
a malícia também
o gozo, a distração
o acaso, a naturalidade

a felicidade é uma pousada
bem assim à beira-mar
e teus seios é meu porto, minha
claridade

onde meu navegar mora com o desejo de atracar sempre

Ares

Meus viajares contidos por teus olhares cênicos
meus cantares perdidos por teus mares trincados
meus saberes confusos por tuas verdades forças

realmente eu precisava de novos ares

À Túlio Piva

Quando a lua do destino decidiu viajar
malas na sala, recados no mar

Assim veio um menino sem passagem, sem lugar
que também queria o céu...

Escreveu , ao lembrar do tanto, de um passado tão bom:
- Sou teu

e virou um "pandeiro de prata" para clarear a viagem

Quem não ouviu Túlio Piva me desculpe

Minha lua de menino sempre foi dele

e eu nem "sei que data"...

As danças do amadurecimento

Valsa o sereno da noite
nas asas longas de uma laranjeira
depois da dança desenha-se o encanto
e amadurece o fruto com sabor de lua inteira


Lição de Pessoa

A nuvem branca escreve uma chuva
a página branca escreve com luvas
O cuidado com um amor é preciso,
o amor não.

O primeiro sol aparece todos os dias


de manhã
à beira-mar do primeiro sol
quando a claridade acorda
mora o primeiro sonho
àquele que vem primeiro aos pensamentos

passamos a vida à espera dele, que ele se realize
e esquecemos de vivê-lo

o primeiro sol nos dá oportunidades todos os dias

Cores

já tenho novamente cor
voltei a colorir minha vida
tirei das gavetas meus lápis
minhas canetas, minhas tintas
já vejo minha cor nos meus passos,
nas minhas palavras, nos meus toques
quem me vê já me reconhece
reconhece àquelas cores que um dia desapareceram

dentro de um livro de poesias
escondi todos os meus arcos-íris
que agora clareiam meus caminhos

chamo de aquarela
minha paixão

Panos

Amor é social
Amor é trapo
Amor é passeio
é colcha
é lençol
é rasgo
é costura
é tira
é tergal

Amor é seda
Amor é risco
Amor é sorte
é pano
é tecido
é jeans
é linha
é botão
é corte

Amor é cachecol
Amor é casaco
Amor é estola
é justo
é cola
é solto
é reta

Amor bem vestido
Amor de gala
Amor sem roupa
Amor de camiseta
Amor é humano
Amor sob medida
Amor não tem plano
Amor veste
Amor é quente
Amor é frio
Amor é avental

Preparar a roupa
usar o bom gosto
usar o sobretudo
Amor despido
Amor não lido
Com tato
Sem moldes
Sem razão
Amor costurado

Quem me veste?
quem eu visto?
quem me deixa nu?
quem me enche de roupas?

Amor é moda antiga
que desfila em nossa vida
E a fila anda
E o amor é liga

Jeitos

as vezes a lua é chorosa
e beija sem tempo o sereno
as vezes o luar é ameno
e beija com tempo a estrela
as vezes o amor é prosa
e a paixão um único verso
as vezes a paixão é espinho
e a flor da pele é rosa

as vezes a lua é cantante
e beija com tempo o sereno
as vezes o luar é choroso
e beija sem tempo a estrela
as vezes o amor é tão belo
e a paixão tem uma única cor
as vezes a paixão é o arco-íris
e o amor é amarelo

Copos

Um copo d´água beira também a inundação
é preciso entender os mares, as marés e os ventos
e saber diferenciar cada embarcação

a água que mata a sede também é lágrima em outro momento

quem haverá de entender rios apaixonados por correntezas?

Desaparecimento

Quirina não apareceu mais
não bebeu mais - dizem as boas e as más línguas
não dançou mais - comentam os saudosos luares e os grilos

Quirina não aprontou mais
não brigou mais com Dolores
não enganou mais João

Mande um recado Quirina, por favor

- Que chata essa vida sem a inquietação dela, desabafa Dolores.

Estações e fases

Vivia uma lua sem medo
num beco de uma rua vazia
e assim com o passar dos anos
achava que era feliz
e que de tudo sabia...

não tinha um luar de companhia
não corria risco algum
nada era por um triz

e assim veio a tristeza
nasceu a solidão
e a lua
agora só queria
voltar a ser aprendiz

assim os luares voltaram
a sorrir
a chorar
a conviver com as mudanças do tempo

Dolores comenta bem baixinho : - Faz parte.

Inteiro

tudo agora é tão inteiro
que entendo até a parte que parte
que trinca
que quebra

pois as partes que partem, que trincam, que quebram
são partes importantes do entendimento

tudo agora é tão inteiro
que entendo as medidas, os tantos, os poucos, a falta e o preenchimento

como se o amor nessa exato momento
ocupasse de todo o seu real espaço

Letrinhas

lenhas queimam
linhas partem
lanhos sangram

senhas esquecidas
sonhos partidos
sinas latentes

minhas dores
manhãs escuras
mundos fusos

tendas soltas
tantas cicatrizes
tontos destinos

a vida é uma sopa de letrinhas
e nesse pacote só veio "quês"

A casa

quem faz a casa
terra molhada
perfume bom
caminho e morada

quem faz a casa
rosa plantada
raios de sol
na madrugada

quem faz a casa
água regada
luares na varanda
beijos na estrada

Um beijo

beijo
uma passadinha para um beijo
beijo desses de longo tempo
molhado encharcada de desejo
beijo
beijo sempre
beijo tanto
beijo de saudade
beijo de verdade
beijo para dizer tudo
beijo para dizer não esqueço
beijo para dizer mundo

Suspiro

Penso em ti...
suspiro... suspiro bom... saudoso, gostoso, amoroso...
então pois, no suspiro me alegro e ganho energias para o dia...
sentir que se está realmente com alguém
é necessariamente proporcional ao sorriso
que se estampa no rosto de repente, sem hora marcada....
Penso em ti...
suspiro... suspiro que abraça, beija, traz, envolve....
a distância não existe quando suspiro
o suspiro encurta quilômetros, estradas...
Penso em ti muito, assim suspiro muito, vivo entre a tua boca, morder
teu pescoço, lamber tuas coxas e beijar sem tempo o que te faz me dizer "ais"...

Desencontros

Duas doses sem gelo
estou tão só
falas : "que bom vê-lo"
peço café com guaraná em pó

Dolores pede chá de sumiço
Quirina, tequila e grita "e tu com isso"
Quirina toma vermute, rum, chuva, táxi

A vida sempre resiste ao happy-hour

Livre

fatalmente haveria uma noite inteira à espera da manhã
metade prisão
metade alforria

uma boca da noite que chorava
outra boca que ardia

e minha estrela tão bêbada

era também minha estrela guia

Início

a folha cai
a folha branca de Cecília
eu leio o epigrama dela
abro a janela
e tudo assim se
principia

Versos

sou um verso que passou a vida à tentar ser rima
e vi depois de muito tempo
que as coisas muito métricas
certamente terminarão
e abracei o vento
e fui feliz numa narrativa poética
cheia de versos de pés quebrados

Amar


há um verbo irregular
que determina a paixão
começa na primeira pessoa
e termina só na multidão
tem um sujeito composto
e um predicado sem razão
vive sem concordância
e sem muita pontuação
adora o futuro do pretérito
e acha que presente não pode ter conjugação

Querer e entender

o não querer que acena
no navegar do destino
é o mesmo querer sem trilho
que a pouca idade condena
feito um teatro que encena
no frenesi do menino

entre a paixão traiçoeira
e o amor assim tão perfeito
mora um beijo desfeito
que mora nas esquinas rotineiras

o que não tem mais nenhum jeito
vislumbra um abraço ardente
como se agora fosse o último ato
a última fala assim de repente

Encontros

um dia nasce sem sol
a noite faz amor com o sol
a lua não entende o brilho
que nasce de um farol

um tempo
um arrebol
luares que nunca vi
diante de cores
de olhares
que já vivi

independente de onde estive
se fui "despertar" ou se fui "partir"
lembro somente do velho mapa
que um dia roubei de ti

Vinhos

um sol
tal qual
um riso
despertar
de pétalas

um luar preciso
tal qual
um beijo
num estalar
de tintos
secos

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