terça-feira, 2 de junho de 2009

* JUNHO DE 2009 - Motivo

A verdade sobre embarcações,
mensagens em garrafas, gaivotas,
portos, ilhas e outras navegações


Navegar

"Deixa" meu amor de porto navegar enquanto tem ar
nas velas...



Alma de Artista


Alma tem cor
Um dedal abraça o mar
Navegas assim

Tudo que é feito com paixão
Vira imensidão
Colhe-se pétalas
e o artista faz o jardim


Provocações

O quanto
Permite
O tanto
O quando
Provoca
O “ando”

O querer
Permite
O ter
O ser
Provoca
O “ver”

O tempo
Não apaga
Um encanto


Àquele olhar


Qual foi àquele olhar de Quirina
Quase um punhal
Uma lança em brasa
Direcionado para a minha boca
Que acabara de dizer:
- Desisti.

Entendo Quirina
Há tempo para tudo
Mas também o tempo se esvai

Um novo tempo começa,
Mesmo com o teu olhar queimando minha decisão


Constatação

O luar é um cachecol
Com o qual eu protejo teu pescoço
Dos meus beijos roubados

Constatação II

Com o cachecol eu me controlo
E fujo do teu olhar
Pois tua boca tem imã

Constatação III

Mesmo com tudo isso
Não consigo controlar meu querer
Os invernos são breves aqui
Mas meus amores, não

Constatação IV

Permito o amor
“estarei sempre ao seu lado”
Porque ele é vivo, mesmo na distância,
por mais contraditório que isso seja

O amor assim fica possível


Do amor

Eu quero muito quando penso em ti.
Eu quero muito contigo, o tanto,
mas se não quereres o meu muito,
mesmo assim quero viver em tua vida,
Ser teu confidente, amigo e amante.
Porque amor é acima de tudo “ter por perto”
quem se ama. É manter a chama do tempo.
A renúncia muitas vezes faz com que a conquista aconteça.
Por isso meu amor aparece em diversas formas, em versos, em frases do dia a dia e se não quereres ouvir que te amo, tenha certeza sempre do meu colo. Quando mais os anos passam mais o verdadeiro amor fica claro, vira flor.
E a nossa verdade aparece no cansaço, na falta de esperança, no naufrágio.
O que não foi esquecido será lido no livro de soneto escrito por corações verdadeiros.


Silêncio

Teu esquecimento
aquece meu silêncio e
minhas palavras ficam ao vento.
Com o frio são sinais de sumiço
os ais que trago no peito,
procuro teu cais e não o vejo,
deixo a embarcação abraçar
a solidão.
Bebo vinho e desenho com ele a pousada,
que um dia foi o retrato fiel do paraíso,
e um mar sem juízo nos banhou de querer.
Agora navego em silêncio.
Guardo uma velha carta amarelada pelo tempo,
para não perder teu endereço.


Todos os ventos

O que tem agora sentido,
eu não tinha antes noção,
e àquele livro não lido
tinha na última página uma anotação,
que falava de uma flor enluarada,
que nasceu no jardim e beijou as linhas
do tempo e da mão
E uma frase encantada que dizia:
A distância não existe quando existe
qualquer tipo de paixão.


Uma moça de Brasília

Existe uma moça em Brasília
que chamo agora de Mônica,
como fosse eu o Eduardo.

Ela navega em Paranoá.
Eu mergulho na Conceição.
Escutamos Candeia final de tarde.
Cada qual no seu lugar.

A lua cheia nos aproxima.
Corais nas alcatéias da vida e do sal.
Um tesouro, um sorriso, uma mina.
Segunda pessoa do plural.

Ela solta a voz e entra em cena.
Pede colo e ganha o coração.
Tens dias que vira Madalena.
Noutros dias é só paixão.

Existe uma moça em Brasília
Eu me viro Léo,
Porque o nome dela virou Bia.

Minha poesia quando fala dela,
encanta-se a cada linha.
E lá no fundo ela sabe, que jamais, qualquer que seja o lugar, estará sozinha.


Desejos e princípios

A participação do pretérito não poderá implicar no futuro, que ainda poderá ser mais do que perfeito.
A borracha arrisca retocar o passado, mas não poderá apagar o sujeito.
Enfim, o melhor presente ainda haverá de vir e quem saberá quais pessoas que deverão agir para fazê-lo.
A segunda pessoa já não me é tão singular.
Procuro a segunda pessoa do plural para me fazer feliz.


Turbulência

De viés
De olhos voltados para dentro
Beijo de calmaria
Em pleno epicentro


Trecho de carta
Saudade imensa de ti...Tens meu colo sempre...Como já disse te tatuei aqui dentro, onde meu colo voa e te busca sempre...E abismos foram feitos para que tentemos voar sempre... fica meu cais para tua embarcação braços e aportarás em meu colo quando quiseres... linda e doce e inesquecível amiga flor de paixão


Descobrimentos

Existe um andar que eu não tinha no meu olhar
Que agora achei e a tênue linha que havia
Rompeu em luares que um dia desenhei

Ao entender o que teria encontrado
Pus a interpretar meu coração
E como meu coração razão não tinha
Chamei meu desatino, paixão


Colheitas

Ao dizer silêncio
Respondi a quem gritava
Que para me ferir entoava lágrimas
Em desertos onde nada brotava

Ao precisar labirintos
Que descobriam longos caminhos
Me perdi para encontrar o luar
Que jamais me deixara sozinho

Ao negar meu sentimento
Preservei minha verdade
Que fora semente ao vento
Pois sabia que um dia, colheria felicidade


Manhãs

Passava mar no pão saudade
Para alimentar o destino

Colheres de mel
Para adoçar a rotina

A lembrança despertava
Em cada xícara de café

Como se cada fatia de beijo
Fosse o meu céu


Medidas

O querer é um barco
Que navega em alto mar
Quando é pouco navega livre
Quando é tanto deverá naufragar


Cartografia

Fecho os olhos. Sentimento em braile.
Muita luz na semana, muita paz a cada momento e uma embarcação pra chegar à ilha quando quiseres. Tem uma ilha que parece uma lua e que desenha sorrisos quando uma Flor caminha pela praia. A ilha tem muita saudade também.


Perto (quando a ficha cai)

O amor não tem CEP
Mas o amor é certo
O amor pode existir
Mas só acontece perto

Sobre o tempo

Tenho certeza do amor
Porque ele sobreviveu
A tantas coisas e fatos
E ainda vive de possibilidades inteiras
De arrepios intensos
De cartas, de mensagens
De sentimento
E agora
Quando nos vemos tão perto
Ele sorri aliviado

O que será não sei
A flor da pele está
E fazê-la crescer
Faz parte do tentar

Resposta

O meu andar
Por incrível que pareça
Acalma com teu vento
Parece que o tempo
Tece redes que nos embala
A inconstância para quando estás junto a mim
E toda a chuva que cai vira mar
E assim navego
Em busca da tua boca
Pois minha sede de viver sempre termina nela
Porque através dela conheci realmente o querer

De vez em quando para sempre

O amor não pode ser de vez em quando
O amor não pode ser quando der tempo
O amor não pode ser somente no tanto
O amor não pode ser um único momento

O amor pode ser uma degustação, eterna
O amor pode ser uma exatidão, louca
O amor pode ser uma inundação, terna
O meu amor vive a sonhar com tua boca

Silêncios

Todo o entender
muitas vezes silencia
quando o próprio querer
não admite entendimentos

O que ontem o coração não via
aparece sem ressentimentos
e mostra de forma tão clara
a realidade de um sentimento

Às vezes não precisamos entender
nem procurar definição
pois qual é a palavra mais verdadeira
se não àquela que vem do coração?

Procuras

Fotografia preto e branco dentro de um livro antigo
uma rosa seca na página 1
uma folha dobrada para não esquecê-la
bem me quer, mal me quer - sem querer
quebra o silêncio da lembrança
num céu agora sem estrela
que vive de sonhos e de esperança
para reviver a fotografia em preto e branco
e colorir a vida e assim tê-la

Quadrinha
de uma segunda-feira de frio e de expectativa


Minha boca solta ares de frio
Mensagens em código do meu coração
Peito aberto na luta contra o estio
Uma sede que navega em minha embarcação