terça-feira, 21 de março de 2017

Absolutamente

Tem dias que eu sou cantante.
N’outros o silêncio bate.
E na forma mais errante.
Beijo de mercúrio em que me arde.

segunda-feira, 20 de março de 2017



Vontade

A vontade arde
feito seis horas da tarde.
Provoca, incendeia.

A vontade arrepia,
põe fogo na aldeia.
Queima, ilumina.

A vontade lateja
feito pecado na Igreja.
Perdoa, crucifica.

A vontade arquiteta,
jura que é secreta,

mas transparece no olhar .

domingo, 19 de março de 2017


Só pra te olhar

Vou aproveitar a chuva para lavar a alma,
para disfarçar a lágrima,
para limpar o poço...
Vou aproveitar a chuva para lavar o sábado,
para disfarçar a seca,
para limpar "o posso”...
Vou aproveitar a chuva para lavar a terra,
para disfarçar a vodca,
para limpar “o nosso”...
Vou aproveitar a chuva para lavar o quintal,
para disfarçar o mar,
para limpar “o bom moço”...
Vou aproveitar a chuva para lavar as mãos,
para disfarçar o tempo,
para limpar a vidraça...

Abril II

A linguagem da liberdade
tem uma boca faminta
que engole o mundo e as palavras
e guarda no coração milhões de tintas...
Uma aquarela de vidas,
uma festa profana e ao mesmo tempo tão distinta.
Enamorada pelo encontro
e apaixonada pela partida.
abriu o livro,
abriu a porta,
abriu o tinto seco,
abriu a carta
(Depois de um março com chuvas...abril...)




sexta-feira, 17 de março de 2017

Preguiça

Meio atordoado inteiro a mandar sinais de fumaça para ser visto
Mas a aldeia mais próxima é longe beira o risco
Ao tentar se fazer entender me perco de vista
E uma lista aparece em minha frente de coisas que não fiz
O destino escreve com giz
E nas areias da praia deixa recados e as ondas docemente apagam
Meio atordoado inteiro a escrever sonetos que não lidos
Para um poeta a vida dói muito mais
Ao tentar me perder me faço encontro
E tenho como cisma buscar o tanto
E nas varandas do tempo, uma rede com sono me balança


quinta-feira, 16 de março de 2017

A mudança começa em nós. 
É preciso desatar.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Volumes


Eu rio muito contigo... 

Chego a ser mar... 


quinta-feira, 9 de março de 2017



Da flor da pele

A flor da pele
rosa não deve ser
Minh ’alma eu mesmo lavo
A rosa não brigou comigo.
Aliás... eu nem sou o tal cravo



Dedal


Nada pode ser mais fatal
Do que um dedal no fundo do mar.
Quando o destino costura.

Beijo
                    
Beijo-te num grito
beijo-te além do corpo como se a alma pudesse ter rosto - beijo-te
encontro-te aqui dentro como te encontrei a vez primeira - beijo-te
beijo-te onde a lua é nascente e nos faz ver a vida inteira - beijo-te
conheço-te ontem como fosse ontem a eternidade - beijo-te
beijo-te aonde os vislumbres transformam-se em encantos - beijo-te
chego a pontos aonde não chegava tão pouco sabia da existência - beijo-te
beijo-te pelo teu toque tua pele teu mar tua presença - beijo-te
agora vejo a paisagem que eu não via e docemente sonhava - beijo-te
beijo-te por te ver inteira - beijo-te
beijo-te por te ver por dentro - beijo-te
beijo-te por te ver - beijo-te
beijo-te além do tempo como se o sujeito tempo fosse sempre - beijo-te
beijo-te sem vírgulas por ser nosso amor imenso - beijo-te
intenso - beijo-te
devoro-te ao mesmo tempo em que te protejo - beijo-te
encanta-me a sede que tens de bem viver - beijo-te
encanta-me a fome que tens de querer - beijo-te
amo-te enfim - beijo-te
por não ter mais medidas - beijo-te
por não ter mais palavras - beijo-te
pois mesmo no tanto me falta ar por não me faltar mais nada - beijo-te
(e veio o grito como se o todo, o espaço, o universo fosse o grito). 

terça-feira, 7 de março de 2017

DIA 08 É SEMPRE...
MINHA POESIA NASCE EM TI...
PARABÉNS SEMPRE E POR TUDO...

Desejo

Se não posso sentir
mais do que tu me permites
ainda assim sigo sentindo
tudo aquilo que não sentes
e, quando feres os meus olhos
com teus limites,
correm em minhas veias
desejos repentes
Ao contrário do que vês,
não sou tão pura,
pois minha boca
solta uma mulher ardente
enquanto crês que me tens,
sou vã procura
embora aches que sou completa,
vejo-me doente...
Ao passo que vives encanto,
sou tortura
e, quando vivo em brasa,
és decente
O que faço por amor
chamo loucura
Talvez, por isso,
eu seja inocente...


segunda-feira, 6 de março de 2017

Quando a lua não aparece... 
o mar fica a ver navios...


domingo, 5 de março de 2017



Cartografia


Engoliu a seco para lavar a alma... Naufragou, logo a seguir respirou e ao levantar a cabeça avistou novas terras... Acabei aprendendo com a cartografia o prazer de me perder, o prazer de desejar sempre a liberdade, seja qual forem os cursos d’água... Vou bem entre minhas loucuras e as fotografias amareladas que ainda guardo. Vejo o futuro com bons olhos e o amor parece que floresce, logo posso colhê-lo... quem saberá... Infinitamente eu me permito parar de vez em quando... Nesse momento, aí eu ando...