domingo, 22 de dezembro de 2013

Um conto de sarda 
Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina

Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina

A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O coração explode... 
um arrepio grita teu nome... 
a esquina foi tatuada com minha sede.... 
e tua ausência me dá fome
Quadrinha do querer e da liberdade

Deixe aberta a janela do destino
Para a vida não ficar, assim, tão tonta
E quando, por encanto, tocar o sino
Deixe o amor, em liberdade, tomar conta

O que intriga não é a briga do mar com a areia.
O que me intriga é a estrela,
que depois de conhecer o cais virou sereia...

...
Minha ‘alma ensolarada toma sol,
café, come pão de poesia, bebe água e cantoria,
viaja entre broas e Marias...
Mantém nas palavras sua fé.

...
Em que cobertor se escondeu nosso amor?

...
A flor da pele pode não ser rosa.

...
O dia tropeça na tarde, mas quem cai é a noite.
Talvez o amor tenha muito mais que claros segredos...

...
Meu amor é exato. E teu amor é horário de verão.

...
Calor em dias frios, rasgos em tecidos finos, céu de bocas famintas: o grito não atende a previsão do tempo...





O olhar mexe com o corpo, arrepia a alma, aquece o mais do que o tanto...
A cor do tato desenha o corpo, redescobre a alma, expõe o mais do que o tanto...
A boca umedece o corpo, acalenta a alma, deseja o mais do que o tanto...
O amor é a refeição do olhar, do corpo, da alma e do mais do que o tanto...

...
A alma tem em sua face um luar... claridade,quase uma febre, que nos acende por dentro... o amor tem alma, muito mais do que corpo, o amor é querer estar junto mesmo na distância, o amor sempre aquece nosso rosto, feito um sopro

...
O coração explode... um arrepio grita teu nome... a esquina foi tatuada com minha sede.... e tua ausência me dá fome

...
Intensamente foi a forma que descobri para desenhar palavras
Os interruptores d’alma são toques que aceleram o sentimento
Toda essa energia vale se puder mover o coração
O resto é vento...

...
Tudo pode ser uma questão de dizer nada.

...
Já virei a página sem ter entendido o livro. (Meu amigo, amor não é adivinhação)...



Quirina e Dolores

(Duas mulheres que acompanharam e acompanham minhas poesias e, queagora eu conto um pouquinho sobre elas)

Amores

Quirina escuta o andar de Dolores.
Quirina inquieta escuta o andar de Dolores.
Quirina boquiaberta escuta uma frase de Dolores.
- João deixou recado, Quirina ?
Quirina, com a face rosada e com um beijo marcado no pescoço, responde.
- Que João ? Ah, o João... Esteve aqui. Muito rápido... e deixou um recado...
Mas tinha que ser no teu pescoço, Quirina ?

(Tomaram café juntas anos depois, e riram muito, por muitos anos...)

Hiato

Aquele sujeito, cheio dos adjetivos,
dizendo-se objeto direto, é bem composto,
de simples não tem nada,
Aumenta tudo a cada relato.
Ontem, o vi num bar, bebendo e rodeado de hiatos...

(Quirina leu tudo atentamente, e para definir rapidamente o acontecido, disse: É um problema de língua... e riu muito do que disse...
- Tá falando do beijo ? – gritou Dolores enquanto fazia as unhas...)


O encantador de serpentes

O encantador de serpentes não acredita em soro...
Correr riscos é muito mais que a cura.
Talvez sejamos “encantadores de serpentes”.
Talvez seja preciso sê-los.
Há encantos que nos permitem.
Há encantos que nos preservam.
Há encantos que nos admitem.
Há encantos que nos completam.

Talvez tenhamos que encantar serpentes no dia a dia, para que possamos olhar os encantos que realmente nos completam.

(Quirina, assustada com a poesia, comenta baixinho com Dolores:
- Hoje ele está soltando cobras e lagartos...)

@mor

.com carinho
.com paixão
.com selinho
.com tesão
.com verdade
.com saudade
.com tudo

Contudo não é bem assim... finaliza Dolores.
Afinal de contas I

Afinal de contas, teus números não batem e eu conto até dez.
Dez passos, dez dias, dez recados.
Noves fora, agora é quase tudo...
(Quirina, deixa de fazer número).

Afinal de contas II

Resultado: vou embora.
Noves fora... nada.
No vaso: onze e meia.
No relógio: flor da pele.
Como a gente faz número.
E tudo é uma questão de fração.
Se até hoje buscam o valor do x, porque cabe a mim, de repente, a solução?
Resultado: pode ser que eu fique.
Noves fora... tudo.
No vaso: um despertar
No relógio: uma semente
Como a gente faz número.
E tudo é uma questão de soma.
Se até hoje a hipotenusa é confusa porque cabe a mim, de repente, a solução?

(Dolores faz as contas, refaz, e grita alucinada: - Caíram “dois”...).

Como a gente faz número.






Faltas
          
Lá vai Quirina buscar sede num copo.
Lá vai Quirina buscar fome num prato.
Lá vai Quirina buscar amor numa esquina.
Lá vai Quirina buscar paz num rapto.

(Lá vai Quirina buscar o mundo num dedal)...



Dolores deixou um bilhete                                                              

Estou mais ou menos.
Mais para menos.
Mas nem somei.
Comi um pão dormido.
Misturei com minha insônia.
Chá de sumiço é café pequeno.
A coxinha de galinha que comi me fez mal.
E ainda insistem em me oferecer Fanta uva.
Se eu aparecer morta divulgue esse bilhete nos classificados de Zero Hora,
ao lado daqueles convites, daquelas moças que fazem tudo...
Muito obrigada.

- Por nada, grita Quirina, com um sorriso no rosto.


A tristeza

Tristeza não se esconde debaixo do tapete.
Tapete fala.
Tapete grita.
Tapete absorve.
Aspirador de pó não pode ser a felicidade...
Tristeza tem que ser vivida, degustada, entendida.
(Dolores, aflita, diz: - Tô precisando de uma faxina...).

Álibi

Uma dose de vodca,
misturada com pólvora,
disfarçada com cânfora.

Uma dose de paixão,
misturada com dúvida,
disfarçada com púrpura.

(- Sem gelo, grita Dolores...).












A linha que separa a dor do beijo é invisível

Não vês minha dor, nem sentes quando latejo palavras.
Pedes meu sorriso agora e sempre.
Disfarço um mundo para me dedicar ao beijo.

Minha dor é um fantasma, correndo por entre corredores e assaltando correntes.
Pedes agora e sempre meu beijo.

Toda essa vida, vida essa que é tão minha,
desbocando num mar, na lida,
perco o rumo, o mapa, a linha...

(E, Dolores, brincando com aquele imenso carretel, diz que a linha do trem é partida...).

Luz de velas não quer dizer caverna

O título ficou tão bom que não precisa escrever mais nada.
- Tá bom, Dolores. Não escrevo mais nada.









A intrigante briga entre a chuva forte e o chão seco
                     
Tem dias que a gente nem sabe o que quer.
E querer nada, pode ser querer demais.
E querer tudo pode ser não querer.
É como um chão seco apaixonado pela chuva forte,
ter medo que ela possa ser forte demais.
(O amor, com certeza, é assim).

- Deixa chover, grita Dolores, já encharcada.

Intuição

Tua blusa vermelha tem um quê de amarelo.
Atenção. Nosso amor é verde...
Eu sou verão... e ainda não sei tua estação...

(- Cuidado com o trem, grita Dolores.).







O amor é um tesouro
                   
O amor é um tesouro.
Deve, por ser precioso, ser escondido?
(Quirina lê rapidamente, arregala os olhos, “pensa alto”...
- Tesouro? Escondido? Precioso?
Vira-se pra mim e diz, secamente:
- Pode começar a responder a pergunta. Agora. Já.
Aproveitei um descuido dela e pulei a janela.
- Que perguntinha marota eu fui inventar...

Resposta
                     
Fico esperando uma maneira de explicar um sim...
Abro a mente, o livro e uma lata de tônica.
Onde estará o gim?
Enfim, a febre é alta, mas não é crônica.
Dolores riu muito quando leu estes rabiscos. Aproveitou, e com um sorriso maroto no rosto, disse: - Fui eu...
- Eu o quê, Dolores?
- Fui eu quem pegou emprestado o gim, respondeu-me, já um tanto“alegrinha”...
Mas o teu sim eu não sei quem levou...concluiu.




Sopa de letrinhas
                    
Ah... tem dias que todos os dias são dias“D”,
e nem sempre na hora “H”colocam os pingos nos “IS”.
Todo mundo corre atrás do “X”da questão.
Outros buscam o ponto “G”.
Ah... troca-se uma letra e muda-se tudo.
Troca-se uma letra e muda-se o mundo.
Mala, sala, cala, fala, rala, bala...
Ah... Queria a receita,
queria a letra,
queria o mapa,
queria a dica,
queria ao menos uma pista.

Ah... Quirina lê tudo com atenção, como sempre faz, enche a colher e comenta:
- É sopa, mas não é sopa este mundo.

(Vai entender os riscos e os sabores dessa vida...).




Um silêncio que grita

Qual meu norte, Dolores, qual meu norte?
Dolores diz ... “Minha bússola toma café comigo e já não faz mais sentido”.


Quintana e a solidão                                                                         
                     
Quintana tomou chá comigo na Páscoa.
Trouxe biscoitos e um papel de chocolate com um escrito seu.
Tomamos chá, sumimos por instantes e mostrei um escrito meu.
Num ninho próximo um coelho cochilava, sem a mínima noção do tempo.
Quintana sorriu, despediu-se e aconselhou colocar rum no chá...

O chá das cinco

Filmes em preto e branco não se deve colorir
São belos assim.
Deve-se ler o romance inteiro, e não começar pelo fim...
Queijos e vinhos devem ser degustados com calma,
sem tempo, sem telefone,sem campainha.
Ao escutar uma música, abra os ouvidos,
mas não se esqueça de abrir também a alma...

(Cleomar leu com o olhar de anjo de que tem, olhou Quirina e disse:
- “O entardecer pertence aos que amam os dias e as noites”.
Quirina, encantada, sorriu e trouxe duas xícaras de chá de maçã).









Das interpretações

Quirina comprou um sonho num domingo de sol e de creme...
E tudo parecia suficientemente completo...




Interiores

Dolores foi à farmácia para comprar tranquilidade.
Tomou comprimidos bem fortes para ver todas as cores.
(Quirina, indignada, num só grito resume:
Que adianta pintar a fachada, sem colorir os interiores?).


Todo o tempo do mundo num só instante de dor

O tempo cura tudo, Quirina ?
Depende o tempo, responde Quirina, olhando pra uma manhã linda e clara.
O que cura mesmo é uma tempestade bem forte.
Só assim nascem manhãs iguais a esta.
Ah, Quirina... tens tempo... tens tempo...


A solidão de Quirina
          
Quirina e seu vinho tinto.
Seco, como a vida, ela insiste em dizer.
Mas não são goles tristes, esclarece.
São devaneios que a solidão tece,
embalada pela cadeira do tempo,
como se a felicidade estivesse contida em uma taça,
que fora quebrada pelo vento...

A solidão de Dolores

Dolores e seu vinho branco.
Suave, como a vida, ela insiste em dizer.
Mas não são goles suaves, esclarece.
São modos de entender algum desgosto,
que procuram esconder o que a solidão tece,
como se a tristeza estivesse contida em uma taça,
servida em uma manhã fria de agosto...


Pequena canção de um céu da boca estrelada depois de um dia de sol

Abriu a carta, a janela e uma garrafa de vinho branco seco.
Abriu o coração, a caixa de fotos e até a flor do vaso abriu.
(Quirina que passava por ali, abriu um longo sorriso e a noite em que se encontraram ainda não terminou...).



Crônicas de um mundo bem contemporâneo           

Ensaiou uma crônica
deixou um bilhete
pediu gim
implorou uma tônica
ensaiou a bula
escondeu a receita
Quirina é louca
mas aproveita
o sol acorda
a lua deita
a vida é simples
e se ajeita


Quirina 40 graus                                                                                

Ferve,
Arde,
Queima,
Provoca.

Água na boca,
Água na bica,
Água no beco,
Água na barca.

Quirina bebe todo o mar,
Quirina bebe o verão,
Quirina bebe de canudinho
toda a inundação.

- Larga esse termômetro, Quirina... Nada poderá te medir...

O vestido de Quirina (coisas corriqueiras)   

Quirina comprou vestido novo, vermelho, bem curto, rendado, de alças, rodado
Quirina foi à padaria e Dolores não a reconheceu.
Dias depois Quirina contou o fato e Dolores respondeu: "Pensei que ‘fosse’ um bolo"...
Quirina arremessou um vaso de flores em Dolores.
Hoje já fizeram as pazes.
E o vestido em questão virou um porta gás - comenta Dolores, com um riso maroto.





Dizeres

O amor deve regar à flor da pele
Por que o que arrepia, cutuca, aproxima
É uma cachaça, uma ambrosia
Um sentimento que dá gosto, alegria
Que provoca o querer, alquimia
Que remexe, bole, mistura

Que dói, que deixa a face rubra, que cura
Quadrinha do querer e da liberdade

Deixe aberta a janela do destino
Para a vida não ficar, assim, tão tonta
E quando, por encanto, tocar o sino
Deixe o amor, em liberdade, tomar conta
O coração explode... 
um arrepio grita teu nome... 
a esquina foi tatuada com minha sede.... 
e tua ausência me dá fome
Um conto de sarda 

Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina

Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina

A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...
Ela intica e o sol fica mais claro, 
dá vontade de tomar banho de chuva, 
cada dia fica raro, 
cada palavra que vem dela encaixa feito luva... 
que barbaridade, 
que feitiço, 
rsrsrrsrsrrsrsrs...

Um segredo de gaveta e de mar

Dentro de minhas gavetas, onde guardo meus sorrisos, mora um punhado de conchas
Motivo

Quando uma corda puxa a noite
O dia vai e se enforca de ciúme.
Quando uma corda puxa o dia
A noite vai e ser enforca de ciúme.
Quando chega a madrugada
A noite e o dia se enforcam com a mesma corda...
Bêbado

Toma café,
toma vergonha,
toma ônibus,
toma banho,
toma jeito,
toma cachaça...
E quando quiseres...
Toma meu coração. 

APARECEU

Intrigante a forma que o amor deu ares da graça
em meio a disfarces... Quase uma cachaça...
em meio a atalhos e desculpas

O que parecia ponto final aparece com olhares de reticências, 
Tal uma chuva de “ques”

Confundindo assim qualquer juízo
melhor, então, deixar correr o risco

Intrigado, trincado, cambaleante ficou meu coração
(Quirina sorri e ri baixinho, como quem diz, sossega e deixa assim)
SAUDADE

Saudade é um tempo tanto feito de fatias de imensidão
Uma música de Marisa Monte, uma taça de vinho e outra taça de solidão

Saudade é querer estar toda a hora, todo o dia
Fatias de poesias no Café Coração
Um filme de Fellini, uma música de Buarque
e de quebra sonetos colados no portão 



PERDA


Eu perco a hora, o ônibus, o caminho pensando em ti
Talvez encontre o amor enquanto te perco



Pequena cantiga de uma manhã de domingo abafada e com vento

Meu coração mistura-se com o título
Minha poesia, ofegante, bebe num gole só um copo de lua
A vontade minha era estar na sua...

na sua vida

na sua linha

na sua rua

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Um conto de sarda 

Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina

Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina

A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O que fica

O que vale é o sorriso que ficou n`alma... Àquele que a gente lembra e sempre sorri de novo...
O que vale é àquele ombro amigo de todas as horas e fases... Minha vida está feliz por ter tanta gente de bem que gosta de mim... As melancias se ajeitam no balanço da carroça, dizia minha avó Maria e ela estava certa demais...