Rasgou
minhas cartas,
rasgou
minhas fotos,
rasgou
meus livros,
e,
por último,
rasgou
as próprias roupas,
e
fizemos amor na sala...
Rasgou
minhas cartas,
rasgou
minhas fotos,
rasgou
meus livros,
e,
por último,
rasgou
as próprias roupas,
e
fizemos amor na sala...
Dobraduras
do tempo.
Harmonia.
Calma.
Concentração.
A
vida é assim.
Dobras
com cuidado.
Dobras
com carinho.
Dobras
com cautela.
Dobras
com exatidão.
Dobraduras
do tempo.
De
repente a imagem, o fato, a construção.
Meu
coração origami reinventa-se e “se” dobra.
O
amor é um inferno no céu
Um
inverno sem roupas quentes.
Um
terno de linho sem noiva.
Luares
de noites ardentes,
São
mares com ondas constantes.
Nenhuma
igual como a de antes.
E
tão exato que é de repente,
Alguma
coisa passante
Vislumbrava
a cor daqueles olhos que a tanto não via.
E
lia nas entrelinhas da noite escura uma claridade.
Olhos
de dor, mas ao mesmo tempo de inundação de mar.
Provocações
de bar e recados em guardanapos.
Saudade
recém-chegada.
Saudade
embarcada.
Saudade
distraída.
Caída
diante dos olhos sonhados.
Caída
deliciosamente sobre o corpo.
Caída
intencionalmente no colo querido.
Vislumbrava
a cor daqueles olhos,
Para
poder estar mais perto daqueles olhos tão amados.
Incendiados
por uma solidão incontida.
Detalhada
em sonhos que vivi acordado.
Vislumbro
tua chegada todos os dias, todas as manhãs.
Quando
da tua chegada descreverei realmente o que seja claridade.
E
entenderás todo o tamanho das palavras que escrevo agora.
Acende
uma chuva aqui dentro
Vindo
de um lustre com uma luz fraca
Uma
dor conta pingos
Uma
espera que o destino crava
Um
“não sei lá” que responde tudo
Uma
alma que não se lava
Um
grito encharcado e mudo
Um
querer quase absurdo
Vontade
de te ver
Um
amor que me faz ser
Tudo
aquilo que eu sempre quis ser
E
essa chuva que não passa
Um terno de linho branco,
uma
colcha de ternura,
um
baile em noite clara,
uma
lua no Campeche,
quem
guarda não perde.
A
confusão ardia
noites
quentes
ventos
de calmaria
mormaços
de Joanas e Marias
bêbadas
madrugadas sem fatias
tempo
do presente não tão perfeito
olhares
sem garantias
orações
sem leitos
saudade
tatuada em folhas de samambaias
Meus
amores estão nas entrelinhas de minha poesia
estão
cobertos de rimas
estão
encobertos por uma poeira fina de nome paixão
juntei
tecidos tantos por tantos anos
tecidos
suaves, finos, retalhos diversos e seda e chita
costurei
uma colcha quente de lembranças
para
acalmar meus invernos
Luas
Repartiram
os traumas, juntaram as camas, as coxas, as crises.
Alugaram
uma quitinete.
Compraram
fogão, geladeira e uma garrafa de vinho branco.
Trocaram
olhares maliciosos, penduraram um quadro, contaram até quatro.
Ah!
Era quarta.
Beijaram-se
muito, muito mesmo.
Perderam
o ar, os sentidos e uma pulseira que ela ganhou da tia.
Juraram
amor eterno.
Ele
vestiu seu único terno.
E
foi tentar, tentar, tentar.
Já
era quinta, sexta, sábado, domingo, segunda, terça, quarta de novo...
Cartografia
Engoliu a seco para lavar a alma... Naufragou, logo a seguir respirou e ao levantar a cabeça avistou novas terras... Acabei aprendendo com a cartografia o prazer de me perder, o prazer de desejar sempre a liberdade, seja qual forem os cursos d’água... Vou bem entre minhas loucuras e as fotografias amareladas que ainda guardo. Vejo o futuro com bons olhos e o amor parece que floresce, logo posso colhê-lo... quem saberá... Infinitamente eu me permito parar de vez em quando... Nesse momento, aí eu ando...
Todo
o céu esconde uma chuva
E
chuva cai para limpar o céu
E
linhas erguem sonhadoras pandorgas
E
dobras desenham barquinhos de papel
É
preciso de água para lavar a alma
E
não ter mágoa para limpar o cobertor
É
preciso de coragem para manter a calma
E
não ter medo para entender o amor
Toda
a chuva esconde um céu
E
o céu cai para limpar a chuva
E
sonhadoras pandorgas sonham com linhas
E
barquinhos de papel desenham dobras
A
verdade não necessita de luvas
Caixinhas
Temos
o medo guardado em caixinhas no quarto.
num
quarto de hora,
num
quarto de hotel,
num
quarto de nunca mais,
num
quarto de pão...
Temos
o medo guardado em caixinhas no quarto...
Enganos
Mudou
a cor do casaco para enganar o frio.
Colocou
num copo toda a água suja do rio.
(embaixo
do tapete mora um segredo que todo mundo sabe).
De pele
Enquanto
eu era a seca, tu tentavas ser a dança da chuva.
Estio
Lá
no meio do deserto mora uma única gota d’água...
Filha
de uma chuva rara e de um poeta sereno.
É
lá que os sonhadores matam a sede.
Nossas ausências são ruas extensas de nossos silêncios,
Uma
flor branca no pé
Pitangueira
deu flor
Pitangueira
me trouxe
Um
cheirinho de amor
Sonho
com teu fruto
Vermelho
da cor paixão
Tuas
flores me alertam
Do
teu sabor tentação
Pitangueira
é morena
Você
sabe é você
Pitangueira
é meu sonho
Mas
teima em não me ver
Pitangueira
florida
Mora
numa praia do sul
Num
Campeche encantado
Onde
o mar é muito mais azul
Uma
flor branca no pé
Pitangueira
deu flor
Pitangueira
me trouxe
Um
cheirinho de amor
Cresci
numa linda cidade chamada Torres e comia goiaba e outras tantas frutas no pé
Jogava
taco em frente de casa e andava de carrinho de lomba final de tarde
Hoje vejo
que todo mundo vê todo mundo pelo computador e celular
Queria
tanto reencontrar o meu lugar
Mas
Torres já não é mais a mesma, nem as goiabas, nem o jogo de taco, nem o
carrinho de lomba
Restam
sombras, sombras diferentes
Por que
nem o sol é o mesmo
Precisamos
resgatar o simples, senão não teremos histórias para contar
Lá fora é tarde
Aqui dentro na sala
A vida arde
Desenho a tela
Com mertiolate
Cicatrizes contam histórias
Esparadrapos vestem as feridas
Quando tudo parece morrer
Aparece teu sorriso
O destino assopra
A vida não é
lenta.
Fecha-se os olhos, trinta.
De repente, cinquenta,
sessenta .
É preciso coragem para
entender o tempo.
O que vale é o sorriso que ficou n`alma... Àquele que a gente lembra e sempre sorri de novo...
O que vale é àquele ombro amigo de todas as horas e fases...
Minha vida está feliz por ter tanta gente de bem que gosta de mim...
As
melancias se ajeitam no balanço da carroça, dizia minha avó Maria e ela estava
certa demais...
Que correria doida e doída é essa?
Uma loucura desenfreada para ter
E vem o vento e leva
E vem a água e leva
E vem um vírus e leva
E vem o tempo e leva
E vem a idade e leva
E vem a tristeza e leva
E vem a morte e leva
Abro meu Quintana e um seco chileno tinto, escuto Elis, faço carinho em minhas gatas, escrevo meus rabiscos, um cheiro de terra molhada toma conta da casa... um momento de gratidão e desejo de paz e harmonia... acredito mesmo que gentileza gera gentileza, e energia boa gera energia boa... Foi um ano muito difícil, como já fora 2019, mas continuo a acreditar nas mesmas coisas que acredito por décadas... Passei e passo a solucionar problemas, sempre me coloco na posição do outro e vejo que sou privilegiado. Gratidão é a palavra que me abraça agora.
Agradeço aos amigos fiéis, aos
amores verdadeiros e aos beijos sem data e surpreendentes. Assim sigo, pois
logo ali na esquina o acaso vem e leva e precisamos estar preparados. Estamos
numa longa viagem e acredite a vida precisa de sentido e sentimentos. Fica meu
abraço tatuado nos corações de quem me lê. É maravilhoso saber que minhas
linhas fazem bem a tantas pessoas. Sinto-me realizado com isso. Que o ano novo nos
traga liberdade, amor pleno e sabedoria.
Um
terno de linho branco,
uma
colcha de ternura,
um
baile em noite clara,
uma
lua no Campeche,
quem
guarda não perde.
A confusão ardia
noites
quentes
ventos
de calmaria
mormaços
de Joanas e Marias
bêbadas
madrugadas sem fatias
tempo
do presente não tão perfeito
olhares
sem garantias
orações
sem leitos
saudade
tatuada em folhas de samambaias
É meu cansaço que me ergue
no
exato momento em que me falta o ar
mesmo
que minhas pernas se neguem
meu
desejo me faz andar
Estanca
de repente também meus ais
nenhuma
palavra, nenhum gemido, nenhum gosto
minhas
dores aportam em meu cais
engulo
a seco e disfarço as lágrimas em meu rosto
Às
vezes para seguir é preciso conviver com a dor
um
espinho no pensamento, um punhal preso ao peito
uma
luta incessante da escuridão com a cor
como
se houvesse pregos em toda cama que deito
Meus amores estão nas entrelinhas de minha poesia
estão
cobertos de rimas
estão
encobertos por uma poeira fina de nome paixão
juntei
tecidos tantos por tantos anos
tecidos
suaves, finos, retalhos diversos e seda e chita
costurei
uma colcha quente de lembranças
para
acalmar meus invernos