segunda-feira, 29 de abril de 2013


Tinha um jeito de bagunça àquele coração de gaveta desarrumada.
Um olhar assim meio amassado.
Um olhar meio de lado.
Quase que implorando ser perdoado.
Quase um talvez, quase uma cilada.
Grito feito um grito calado.
Ai... ai... ai...
Assim mesmo... 
Boquiaberto...
Fio desencapado...
Choque...
Sem toque...
Meio arruaça sem resultado...

Veio o querer
E “me” ajeitou...

E eu encontrei rimas onde não havia nem palavras

Sinais

Diante do céu ainda claro
Margeou seu olhar no infinito
E desenhou o simples com o lápis do raro
Na moldura exata de um livro não lido
O que faz bem deve ser sempre procurado
E a felicidade é muito mais do que um achado
É um caminhar constante por todo o mundo
Mesmo que o lugar comum seja o tudo


O amor, entende-se o que faz sorrir incondicionalmente, é luar de lua tanta, tempestades de águas boas, beijos de rios em bocas canoas, Florbela Espanca em tardes de café e bolinhos de chuva... Decifrá-lo não seria tão exato, determiná-lo seria tão impreciso, o melhor seria deixá-lo entre o sonho e o lençol, entre o raio e o sol, num gole de um vinho tinto seco, beirando uma canção de Cecília... O amor é compreensão, é vigília, é abraço sem tempo, é abraço na ausência, é um beijo sem medo, é segredo que se lê no olhar... É um mar inteiro na boca, saliva de prazer e de tara, um cobertor para qualquer hora, uma compressa que surge sempre e sara... O amor, entende-se o que faz cantar incondicionalmente, é o querer conjugando tempos e pessoas com um toque mágico de todos os verbos, é ligação por pensamento, por gestos e por coração... o amor em noite escura é visão, o amor na procura é claridade, é ajuste na exatidão da felicidade, é a existência de todas as razões pela verdade de não se precisar razão nenhuma... o beijo que beija diferente, o enxergar independente na lente, é nunca deixar a vida sozinha, é o rei colorindo o reino de sua rainha... O amor, entende-se o que faz gozar incondicionalmente, é um céu inteiro no quarto, são estrelas brilhando na sala, na hora do muro alto ele é salto, no silêncio triste ele é fala... É uma janela de raios de sol que bate à mesa, uma canção de Chico que não tem data, um gole no calor de uma sonhada cerveja, na hora de se sentir perdido o amor é mapa... No teu dia o amor se faz assim: todos os dias, todos os jeitos, faz querer mais no querer poesia, faz o florir mais no querer jardim... No teu dia o amor é paz... é Eduardo é Mônica, é Léo e Bia, são todas as canções em alquimia... É declamar Fanatismo meia-noite, meia luz, ao meio-dia... Toda e qualquer hora recriando a mesma via... Caminho que se faz para encontrar a mina, que faz estancar qualquer que seja a dor, em versos de um sentimento assim tão claro, que eu encontrei tua rima, tua alma, teu corpo, nosso amor....

Noite com Marisa Monte, o destino tece a linha, para fazer o lençol
A Flor encontra a Joaninha, o rei encontra a rainha, a lua enfim beija  o sol
(tudo o que é pra ser, será)


Florianópolis, 29 de abril de 2013


É minh’alma que diz,
É minh’alma que num silêncio te desenha,
É minh’alma que navega em tuas águas,
São tão nossos, nossos momentos...

Em teus braços sou tão feliz,
Em meu coração a todo instante soa “venha”,
Longe de ti o tempo é triste, a lua é lágrima,
Uma febre, um calafrio, um suor, um batimento...

A falta grita tendo a sacada como moldura,
Uma tela que espera ser desenhada,
O paraíso agora começa a ser explicado,
Quando ouço teus passos a subir as escadas...
 Edike Carneiro