quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Tábuas


Meu destino maré pôs-se a navegar
Marés e suas tábuas para me levar
Para se fazer luar
As vezes se afogar
Dançar aonde não dá mais pé
Cair, levantar, se juntar
Brincar de quebrar
Olhos marejados
Minha precisão de navegar
Minhas casas erguidas
Entre tábuas das minhas marés

I

Jardim de águas claras
Sopra inundação e correnteza

Para correção das margens

Para correção do navegar

II

A pétala que corre na chuva
Desliza feito luva

Espumas

Vejo a tristeza que se espelha
Ao ver minh ‘alma que parte
Felicidade é um fogo de palha
Que queima, que provoca, que arde


Mora um hiato que teima em provocar
Um abraço de esquina que não se esquece
Vez por outra vens feito onda de mar
Quebra, insunua e desaparece
Desejo


Se não posso sentir
mais do que tu me permites
ainda assim sigo sentindo
tudo aquilo que não sentes
e, quando feres os meus olhos
com teus limites,
correm em minhas veias
desejos repentes

Ao contrário do que vês,
não sou tão pura,
pois minha boca
solta uma mulher ardente
enquanto crês que me tens,
sou vã procura
embora aches que sou completa,
vejo-me doente...

Ao passo que vives encanto,
sou tortura
e, quando vivo em brasa,
és decente
O que faço por amor
chamo loucura
Talvez, por isso, eu seja inocente...

Fomes

Era inevitável a queda
frente ao vazio que se fazia
era café sem bolacha, sem fatia
era fome o que o coração mostrava e dizia

era inevitável o pranto
frente ao exposto
era lição sem cartilha
era um mar imenso sem nenhuma possível ilha

era inevitável o fim
frente ao penúltimo capítulo que se escrevia
era final feliz sem nenhum par
era romance sem nenhuma poesia

a fome comia...

Marcas, tatuagens e silêncios

Espelhávamos na própria carne quando pressentíamos a dor
e tudo era uma coisa só e tudo era só
chamávamos segredo o que era intenção ardente
propúnhamos ser o que não éramos para resistir à vida
vez por outra éramos apunhalados por nossos medos
quebrávamos bússolas, rasgávamos mapas, sujávamos lentes
havíamos atingido toda a inconstância das coisas tidas como certas
e velas abertas singravam mares, bares, ares e alhos e bugalhos
entendíamos que assim resistiríamos mais
ledo engano
depois de algum tempo nos reencontramos e não falamos nada
mas havia em nossos olhares uma dor
que por não ter sentido algum
marcaria toda a nossa vida

Cartografia

Engoliu à seco para lavar a alma... Naufragou, logo a seguir respirou e ao levantar a cabeça avistou novas terras... Acabei aprendendo com a cartografia o prazer de me perder, o prazer de desejar sempre a liberdade, seja qual forem os cursos d’água... Vou bem entre minhas loucuras e as fotografias amareladas que ainda guardo. Vejo o futuro com bons olhos e o amor parece que floresce, logo posso colhê-lo... quem saberá... Infinitamente eu me permito parar de vez em quando... Nesse momento, aí eu ando...
Conversas

Ainda assim, acredito em minha varanda, em minha rede, em minha poesia... acredito que tudo é simples demais e complicamos tudo. 

Ainda assim, acredito em andar de mãos dadas, em dormir de conchinha e outras posições de encaixes. 

Ainda assim, sigo a buscar, a "me" perder, a "me" encontrar e, tenham certeza que o tempo passa rápido
demais e precisamos aproveitá-lo com muito amor, em todos os sentidos. 

Ainda assim, continuo a passear na praia, a escutar as gaivotas e a todo o momento resgatar o menino que mora dentro de mim. Às vezes me pergunto se estou no mundo certo. A resposta vem rápida: com certeza, não.


O coração explode... 

um arrepio grita teu nome... 
a esquina foi tatuada com minha sede.... 

e tua ausência me dá fomeo grita teu nome... 
a esquina foi tatuada com minha sede.... 
e tua ausência me dá fome

sábado, 25 de janeiro de 2020


Pequena quadrinha do "Fuja disso"

A rua mora no fim da casa
Onde a sala separa o quarto
O amor nesse caso é apenas um ato
De cômodos acomodados


sexta-feira, 24 de janeiro de 2020


Ares eternos

Que tantos “morreres” cabem em mim
Pude assim conhecer todos os meus “ressuscitares”
Junto a eles meus “acordares” despertaram
Minhas manhãs
Meus “quereres”
E pude sentir o quanto sou forte
E quantos mares me habitam

Nenhuma morte calará minhas palavras
Nenhuma morte cessará o meu amor
Morte alguma há de fazer meus sentimentos ruírem

Que tantos “morreres” cabem em mim
E eu aqui Fênix e minhas cinzas a deixar recados nos muros
Para desespero dos que tentam minhas mortes
E morrem de medo de minhas poesias
Os “viveres” são versos, são asas
Minhas casas são “eternizares’


terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Capitu

Quando conheci Capitu
capitulei
desenganei

a confiança é um conto
um Machado afiado
uma colcha de retalhos
com bainhas de linho                                                                                     

quem nunca se sentiu Bentinho?



Luas
           
Repartiram os traumas, juntaram as camas, as coxas, as crises.
Alugaram uma quitinete.
Compraram fogão, geladeira e uma garrafa de vinho branco.
Trocaram olhares maliciosos, penduraram um quadro, contaram até quatro.
Ah! Era quarta.
Beijaram-se muito, muito mesmo.
Perderam o ar, os sentidos e uma pulseira que ela ganhou da tia.
Juraram amor eterno.
Ele, vestiu seu único terno.
E foi tentar, tentar, tentar.
Já era quinta, sexta, sábado, domingo, segunda, terça, quarta de novo...



Cartografia

Engoliu a seco para lavar a alma... Naufragou, logo a seguir respirou e ao levantar a cabeça avistou novas terras... Acabei aprendendo com a cartografia o prazer de me perder, o prazer de desejar sempre a liberdade, seja qual forem os cursos d’água... Vou bem entre minhas loucuras e as fotografias amareladas que ainda guardo. Vejo o futuro com bons olhos e o amor parece que floresce, logo posso colhê-lo... quem saberá... Infinitamente eu me permito parar de vez em quando... Nesse momento, aí eu ando...


Conversas

Ainda assim, acredito em minha varanda, em minha rede, em minha poesia... acredito que tudo é simples demais e complicamos tudo. Ainda assim, acredito em andar de mãos dadas, em dormir de conchinha e outras posições de encaixes. Ainda assim, sigo a buscar, a "me" perder, a "me" encontrar e, tenham certeza que o tempo passa rápido
demais e precisamos aproveitá-lo com muito amor, em todos os sentidos. Ainda assim, continuo a passear na praia, a escutar as gaivotas e a todo o momento resgatar o menino que mora dentro de mim. Às vezes me pergunto se estou no mundo certo. A resposta vem rápida: com certeza, não.



As desculpas

Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo...
Nunca entendi tantos dedos,
já que eu sabia do que se tratava...
Vez por outra deixavam somente recados,
avisavam que não mais voltariam
e, logo depois, voltavam...
E com elas chegavam outras palavras,
que eu não entendia muito bem seus significados...
Mas até aquele momento,
as desculpas não se importavam com o que eu poderia ter achado...
Algumas chegavam bêbadas,
outras chegavam sem avisar,
e outras tantas  não sabiam nem o que falar...
Nunca me preocupei em entendê-las,
mas entendia o que elas queriam mostrar,
assim ficava mais fácil conjugar o verbo desculpar...
E assim foi quando eu perdi meu par...
Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo,
que me ensinaram de um jeito especial
a verdadeira face do compreender e do gostar...



Marcas, tatuagens e silêncios

Espelhávamos na própria carne o sentimento quando pressentíamos a dor
e tudo era uma coisa só e tudo era só
chamávamos segredo o que era intenção ardente
propúnhamos ser o que não éramos para resistir à vida
vez por outra éramos apunhalados por nossos medos
quebrávamos bússolas, rasgávamos mapas, sujávamos lentes
havíamos atingido toda a inconstância das coisas tidas como certas
e velas abertas singravam mares, bares, ares e alhos e bugalhos
entendíamos que assim resistiríamos mais
ledo engano
depois de algum tempo nos reencontramos e não falamos nada
mas havia em nossos olhares uma dor
que por não ter sentido algum
marcaria toda a nossa vida


O acaso brinca de rima
          
Cabe-me, por encaixe, o olhar inteiro das bocas do acaso
Afasto-me quando, ao meu encalço, andam apressadas bocas métricas
Mergulho em luas claras e transparentes como se o medo fosse o raso
E não venham me dizer que almas são armadilhas bélicas

Atento aos relatos escuto a inconstante passagem do pensamento até o ato
Transformo-me num silêncio de lápide quando um grito quer ser mais forte do que o fato
Farelos de um bolo de chocolate do apartamento ao lado invadem pratos de uma favela
E, não venham me dizer, que corações sejam sempre as melhores janelas

Cabe-me a leveza da escrita para deixar dito o que tanto me aflige e alucina meu entender
Levado muitas vezes pelo interminável duelo daquilo do que se mais quer,
com a razão burra de que não se precisa querer

Lanço-me aos poucos, aproveitando-me de noites escuras,
para escrever poesias em muros que rodeiam almas tão vazias
E não me venham dizer que estou só, louco e o que entendo por felicidade sejam páginas de crônicas fictícias e fugidias...




Fomes                                                                                                 

Era inevitável a queda
frente ao vazio que se fazia
era café sem bolacha, sem fatia
era fome o que o coração mostrava e dizia

Era inevitável o pranto
frente ao exposto
era lição sem cartilha
era um mar imenso sem nenhuma possível ilha

Era inevitável o fim
frente ao penúltimo capítulo que se escrevia
era final feliz sem nenhum par
era romance sem nenhuma poesia

A fome comia...


O tempo é um senhor 
muito distinto...
Às vezes chileno, seco e tinto

Cada qual com cada seu...
Quem de amor nunca morreu?
Quem por amor nunca bebeu?




Esse Olhar

Ai esse olhar
Que tu sempre pega
Olhar de esfrega
De calor, de paixão
Olhar que come
Que fome
Ai esse olhar 
Que me entrega


segunda-feira, 20 de janeiro de 2020




Sem medidas

Não cabe em mim tudo o que sinto
Não diz tudo o resultado final dessa conta
Não vê tudo o exato e sua poderosa sonda
Faltam tamanhos para explicar o tanto

Não cabe no que diz incomensurável
O todo que mora aqui dentro
Nem é possível determinar a intensidade
Que provoca a felicidade que explode em mim

Até a compreensão precisa e intensa tem seus limites
A tua presença no mundo me basta para não ser triste
O que chamam de tudo é apenas uma parte do que cabe em mim
Que tamanho mais do que o imenso terá este amor que sinto por ti?

domingo, 19 de janeiro de 2020


Saudalejar

Seu nome saudade
Menina de seios rijos
Pouco ou nada de juízo
Cheiro de leite
Sabor de flor

Seu nome amor
Menino de dentes livres
Brancos que um dia eu tive
Cor de mar
Imensidão de grão

Seu nome paixão
Mulher de lábios fatais
Afã de talvez, clã de jamais
Música de cor
Verbo “saudalejar”




mora um vento em mim...
que não me leve as reticências...



sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Receita
Rosa Santos com Pitadas de Edike Carneiro

A vida meio que é um tempero
Pitadas de páprica e cúrcuma
A vida apimentada e de cheiro bom.
Crua, sacia e tão bem faz.
Antepasto de berinjela, sabor aquarela
Amassada com cebola roxa e alho.
Cortada em fatias e tiras finas, sal marinho;
Um terno de linho para a refeição.
Azeitonas verdes e uvas passas.
Num frio de geladeira,
Um dia para outro muda tudo.
Três folhinhas verdes de manjericão em leque,
Sobre o antepasto na fatia de pão francês,
Nem conte até três...
Coloque num prato branco,
antepasto úmido e com azeite de oliva,
refeição feito uma diva no palco,
O pão e aos poucos outros alimentos se vão e virão outros coloridos, cheirosos e vivos.
Pitadas do tamanho de mares de amor,
Sabor que vem de Rosa,
Jardim de verdes,
Alimentos de poetas, sonhadores e canteiros,
Onde Rosa vive


Crônicas de um mundo bem contemporâneo           

Ensaiou uma crônica
deixou um bilhete
pediu gim
implorou uma tônica
ensaiou a bula
escondeu a receita
Quirina é louca
mas aproveita
o sol acorda
a lua deita
a vida é simples
e se ajeita
O que importa é o abraço 
com felicidade, 
o resto é aperto. 
Para vivermos livres 
precisamos de verdade.
tece fios do luar
com novelos celestiais
por cobertores sonhados

aquece o que faz cantar
protege o que traz a paz
e o beijo voa até o corpo amado

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Boa noite,

Sejamos sensatos... quando não encontrarmos razão tenhamos compreensão e com zelo e tato peçamos perdão... Então, o que quero dizer, entender é fruto de muito amor... Que não torçamos pelo time tal, nem votemos para tal sigla, nem rezamos por tal religião, entendamos também que não tem religião nenhuma... Descobri com uma pessoa que me ensinou a meditar que abraçar é mais que um verbo de ligação, ou é um verbo incondicional de ligação.
Viver é aprender para viver melhor na vida que há de vir. Gosto de textos que me abraçam, e gosto de compreender o que me aflige... Sei que o que escrevo será entendido depois... e tenho certeza que um mais um é mais do que dois...
O mundo que virá não tem gavetas... tem gaivotas... Voe agora, ame agora e viva agora... por que o tão cedo vem e vai embora... se pudesse deixar um único conselho eu diria: beije mais e fale mais de amor ... não deixe para amanhã o que você arde hoje...
Felicidade

Sejamos inteiros para dizer que somos pedaços
Que somos nossos nós
Dias são abraços
Dias são laços
Dias são sós
E por tantos emaranhados
Sejamos amados
Pelo que somos
E que se deguste a vida em gomos
Para que nossa sede não seja em vão
Que o que fique da gente
Seja luz em algum lugar
Que ilumine a imensidão
e faça crescer o grão


Aguaceiro

Alma de barco ligeiro
Fonte de delicadeza
Meu destino navega
Nas águas de um distante janeiro
Amores e águas passadas
No meu coração aguaceiro
Exatamente impreciso

Um rasgo em meio ao tecido
Uma fenda sem palavras a fazer grito
Um eco seco num deserto árido
Como se o tempo já me houvesse dito
Alguma coisa passada a limpo com rasuras
Um entardecer encardido apaixonado pela q-boa
O paraíso a forçar maçãs e ranhuras
Cafés enlouquecidos pela falta de broas
Levas

O andar que leva o tempo
Na leva que o tempo escolhe
Da semente que leva o vento
Até a esperança que a gente colhe

Na fé que alimenta o passo
Na luta que forja o momento
No querer que traduz o abraço
No tentar que descreve o tempo

O tempo quem escreve é o jeito
A vela costura e borda
E singra mares
Assim como quem
corta um retalho
Um terno de bom feitio e de boas lembranças
Faz com que naveguemos em nossa história
E que tenhamos boas vestes para nossa alma
Cuide bem de suas linhas
E de quem te faz sorrir
Amor é navegação
É preciso encharcar sem medo

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Escolha

solidão
pode ser
escolha
de cada um

solidão
pode ser
não se ter
escolha

solidão
é uma palavra
onde o vento
beija a espuma

enquanto isso
sentimentos
andam de gangorra
num parquinho
da esquina

e a escolha é minha
PRECISO
Todo o céu esconde uma chuva
E chuva cai para limpar o céu
E linhas erguem sonhadoras pandorgas
E dobras desenham barquinhos de papel
É preciso de água para lavar a alma
E não ter mágoa para limpar o cobertor
É preciso de coragem para manter a calma
E não ter medo para entender o amor
Toda a chuva esconde um céu
E o céu cai para limpar a chuva
E sonhadoras pandorgas sonham com linhas
E barquinhos de papel desenham dobras
A verdade não necessita de luvas
Copos

Um copo d´água beira também a inundação
é preciso entender os mares, as marés e os ventos
e saber diferenciar cada embarcação
a água que mata a sede também é a lágrima em outro momento
quem haverá de entender os rios apaixonados por correntezas?

Um andar de tanto tempo

Eu tenho um andar de tanto tempo, de tempos que eu vivi, dos tempos que eu sonhei,
Dos tempos que nem senti...
Eu tenho o cantar de tanto tempo, de tempos que eu morri, dos tempos que eu passei,
Dos tempos que nem pedi...
Eu tenho as cicatrizes de tanto tempo, de tempos de tantas marcas, dos tempos de tantos riscos, que me machucavam a pele...
Eu tenho os beijos de tanto tempo, de tempos que eu amei, dos tempos que eu chorei,
Dos tempos de tantos sorrisos, que encantavam meus passos...
Eu tenho na memória tantos tempos, cantos que eu procurei, letra e música, coração e voz, de tempos que eu cantei...
O tempo é um menino, destino de horas e de cores, lugares de esperança e amores, de fins e de rancores...
O tempo é instrumento de procura, instrumento de recuperação, é agua, é pão, alimento que traz candura,
Dê ao tempo o tempo teu, com carinho, com atenção, dê ao tempo a compreensão, o afeto e a ternura... pois ele, com certeza, meu amigo, bem tratado, com cuidado, é a real cura para tudo.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Inspirações

Toda vez que me permitia
Recorrer ao que não sabia
Brilhava os olhos do acaso
Iluminando meus dias!

Manuel dava bandeira
Para uma musa Cecília
Toda vez que se permitia
Recorrer ao que não sabia!

Que seriam dos anjos de Augusto
E das pessoas de Fernando
Se todas as palavras da boca
Passassem no mundo voando?

Toda vez que me permitia
Recorrer ao que não sabia
Quintana conversava na varanda
Iluminando meus dias!
Alimento

Minha boca
gosta do
gosto da
tua...
Em todos os sentidos
Em todos os gemidos
Minha boca
gosta do
gosto da
tua...
Em todos os lugares
Em todos os luares...
Minha boca
gosta do
gosto da
tua...

Só para esclarecer

No meu coração cabem tantas coisas...
Luares, cantares, mares
Olhares solares
Bocas cantantes
Pessoa, Cecília, Quintanares
Só o que não cabe
É que me digam o tamanho dos meus sonhos
Isso é só meu

sábado, 11 de janeiro de 2020


Cartografia

Engoliu a seco para lavar a alma... Naufragou, logo a seguir respirou e ao levantar a cabeça avistou novas terras... Acabei aprendendo com a cartografia o prazer de me perder, o prazer de desejar sempre a liberdade, seja qual forem os cursos d’água... Vou bem entre minhas loucuras e as fotografias amareladas que ainda guardo. Vejo o futuro com bons olhos e o amor parece que floresce, logo posso colhê-lo... quem saberá... Infinitamente eu me permito parar de vez em quando... Nesse momento, aí eu ando...


O mar não pode ser guardado em gavetas, nem o amor... 
melhor encharcar do que secar, 
do que esconder a chuva.

Breve

A vida não é lenta
Fecha-se os olhos
Trinta
De repente cinquenta
É preciso coragem
Para entender
Toda a paisagem
Toda a passagem
É preciso entendimento
Amor é alimento
É preciso entender as calmarias
E respeitar também as forças do vento
A vida, pois, é breve
E breve também é muito tempo
Aproveite cada momento
Como fosse uma lição, um ensinamento
(Vigiai tuas ações,
encoraje teus receios
por que na verdade
somos passageiros
e é preciso viajar sem medo)


Leituras de Florbela

Encanta-me tua ausência
Para que assim eu possa falar
De todo o meu amor...

Longe de ti meu coração a todo instante padece
Mais parece um amontoado de carne
A deitar-se sobre a dor

Espinhos de sentimentos controversos
Tais sonetos de Florbela
Rasgos a dilacerar meu peito

Que sobrepõe ao próprio medo de te perder
Por teres asas
Muito além das janelas

Assim sigo a buscar tua presença
Mesmo que teu corpo aqui não esteja
Mesmo que o vazio teime a preencher a vida

Onde a solidão escancaradamente "me" habita
E por ter uma febre assim tão louca
Minha compreensão do amor lateja