Amores 16 de janeiro de 2008
e também tem o amor escondido,o presente, o de viagem, o de verão...
temos amores demais
atemporal é o nosso coração
Chuvas 18 de janeiro de 2008
Quis um janeiro inteiro inundar a embarcação
Uma chuva sem tamanho
Um corte, uma ferida, um lanho
que marcava o corpo,
lavava a escadaria
e um coração
Era um barco de esperança
Que via em seus remos em águas profundas
Um norte, uma vida, um banho
que lavava a alma,
marcava o porto
e uma canção
Quando Sex, 18 de Jan de 2008
"quando" era um menino sozinho
apaixonado pela menina dos olhos
mas "quando" sempre esperava o tempo exato
e o tempo exato nunca chegava
ah... até quando, quando, quando
Esconderijos 21 de janeiro de 2008
o que está contido
mora num livro
não lido
escondido
num céu escuro
de tempestade
pode estar contido o perdão
lavar a alma
absorver a lágrima
água de "limpares"
sou eu que indico
os tamanhos dos meus mares
Conjugações Seg, 21 de Jan de 2008
quero um abraço sem perguntas
quero um cantar sem provocação
quero a lua e a rua sempre juntas
quero o teu tempo e o meu na mesma conjugação
quero a paz, quero a tranqüilidade
quero o encaixe dos pólos:
do teu sul com o do meu norte
quero a cumplicidade e que ela seja
a linha "da mais forte"
Fugas 21 de janeiro de 2008
a lua que foge das fugidias madrugadas
é a mesma que tece com as linhas das manhãs claras
confusão de luares e mares e marés
Céu aberto de velas acessas e abertas
claridade para navegar
em águas incertas
Chuva num "ser tão" seco
inundação em alto mar
mas a lua que foge
pode clarear outro lugar
Quirina 40 graus 23 de janeiro de 2008
Ferve,
Arde,
Queima,
Provoca,
Água na boca,
Água na bica,
Água no beco,
Água na barca,
Quirina bebe todo o mar,
Quirina bebe o verão,
Quirina bebe de canudinho
toda a inundação,
- Larga esse termômetro, Quirina...
Nada poderá te medir...
A falta 24 de janeiro de 2008
A falta
A exatidão da falta
A presença da falta
Sem ata
Sem data
A falta
A instransponível falta
A marcante falta
Sem salsa
Sem valsa
A falta
A intragável falta
A visível falta
Sem máscaras
Sem vísceras
A falta que preenche tudo
Todo o espaço para a falta
Arranjos e combinações 24 de janeiro de 2008
por pouco
o tudo
virou nada
por tudo
o pouco
virou nada
por nada
o pouco
virou tudo
por tudo
o pouco
virou nada
Única e misteriosa 24 de janeiro de 2008
move-se ao cantar do dia
a única manhã que guardo
é é ela que ilumina todos os meus dias
e sempre estará ao meu lado
que nome terá essa manhã
que me beija sem hora?
Lapso 25 de janeiro de 2008
o que se faz agora
se perde no instante no próximo
ao entender o lapso
percorro assim a inconstante tréplica
explico:
como um interruptor em busca da fase exata
romeu e julieta
sonhos e goiabadas
ciladas tão fatais
o destino que faz reféns
o menino que invade um céu de tempestade
e bebe chuva
e como uma luva
um encontro que há tanto procura um encontro que há tanto procura u
encontro...
que há tanto...
Afta 25 de janeiro de 2008
Incômoda
Mexe a língua
Roça o lábio
Lânguida
Lida
Inseticida
Mata grilos e corujões
Redescobre a vida e as paixões
Nasce em bocas de noites
Siso, juízo, guiso,
Tão aflita
Afeta
A fita
Rompe
Um longe
Um lugar nenhum
No céu na boca
Uma afta
Paixões deixam marcas
E trazem febre
Esclarecimentos Sex, 25 de Jan
não sabes o quanto sou fácil
fácil de levar
fácil de entender
não sou equação do terceiro grau
não sou o "x" de problemas complexos
apotenusa... nunca fui apresentado a ela
sou um sujeito simples
não faço contas
nem combinações forçadas
nem arranjos
prefiro o português à matemática
a palavra
a palavra
a palavra
isso sim... conta
Caminhos 25 de janeiro
toda a tua imprecisão
encobre a curva
que levaria ao nosso encontro
trens fora dos trilhos
acenos sem estações
a água é turva quando cai dos olhos
de quem vê na lágrima toda a explicação
tua imprecisão é definitivamente o que não preciso
Carnaval 28 de janeiro
Um pierrot
Uma colombina
Um grão de areia
Uma estrela do mar
a distância maior é a que não tem medida
uma linha que separa a felicidade da vida
um feitiço, uma palavra, uma tempestade
o silêncio maior é o que "nos" grita
Quadrinha de uma segunda-feira com sol e chuva Seg, 28 de Jan
o verbo conter
balança um barco em plena calmaria
o verbo conter
muitas vezes é a própria embarcação
o verbo conter
mistura águas, lágrimas e correntezas
o verbo conter
não entende nada de paixão
Perder 29 de Janeiro
perdeu-se:
o rumo
o sumo
a ternura
a "fissura"
o tanto
o tento
a fatia
a folia
ficam:
os bons escritos
os bons momentos
para reler
para relembrar
nenhum vento pode ser igual ao outro
perder é uma forma real de ver
ver de verdade
assim:
guardo-te como um vento único
que balança folhas... de um calendário de primaveras únicas
As aparências Ter, 29 de Jan
as aparências estão desenganadas?
claro que não...
o que está no soro é o que não vejo
e quem está no espelho não sou eu...
Morte Ter, 29 de Jan
sinto a imensidão,
uma imensidão que toma conta de tudo,
como se eu já tivesse passado a limpo tudo o que já vivi
nada "me"acontece
os dias "me" entristecem
minha melancolia não dorme
a morte poderá ser um estalo?
Guardar 29 de Jan
Um terno de linho branco,
uma colcha de ternura,
um baile em noite clara,
uma lua no campeche,
quem guarda não perde.
Aparência Ter, 29 de Jan
destoava
muito mais por seus vôos do que por suas asas
viu-se depois que tinha mais jeito do que coragem
e sabia que por "àquele" amor
poderia ir aonde quisesse...
As duas luas 30 de janeiro
duas luas brincavam inteiras
numa noite de céu tão claro
e suas paixões tão ligeiras
emolduraram esse momento tão raro
uma lua bebia mares
a outra bebia nuvens
águas lavavam almas
águas lavavam a vida
duas luas viviam inteiras
e desafiavam desertos
e encantavam horizontes
e viajavam por nortes incertos
minha noite desenhava duas luas
parte de mim estava cheia
parte de mim estava nova
parte de mim estava crescente
tento afastar a parte minguante
um jardim gosta de céu claro
mas não vive sem céu de chuva
que bom, semeias teus versos pra florir o mundo...
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