quinta-feira, 7 de maio de 2009

* JANEIRO DE 2008

Amores 16 de janeiro de 2008

e também tem o amor escondido,o presente, o de viagem, o de verão...
temos amores demais
atemporal é o nosso coração



Chuvas 18 de janeiro de 2008

Quis um janeiro inteiro inundar a embarcação
Uma chuva sem tamanho
Um corte, uma ferida, um lanho
que marcava o corpo,
lavava a escadaria
e um coração

Era um barco de esperança
Que via em seus remos em águas profundas
Um norte, uma vida, um banho
que lavava a alma,
marcava o porto
e uma canção





Quando Sex, 18 de Jan de 2008

"quando" era um menino sozinho
apaixonado pela menina dos olhos
mas "quando" sempre esperava o tempo exato
e o tempo exato nunca chegava
ah... até quando, quando, quando





Esconderijos 21 de janeiro de 2008

o que está contido
mora num livro
não lido
escondido

num céu escuro
de tempestade
pode estar contido o perdão

lavar a alma
absorver a lágrima
água de "limpares"
sou eu que indico
os tamanhos dos meus mares





Conjugações Seg, 21 de Jan de 2008

quero um abraço sem perguntas
quero um cantar sem provocação
quero a lua e a rua sempre juntas
quero o teu tempo e o meu na mesma conjugação

quero a paz, quero a tranqüilidade
quero o encaixe dos pólos:
do teu sul com o do meu norte

quero a cumplicidade e que ela seja
a linha "da mais forte"





Fugas 21 de janeiro de 2008

a lua que foge das fugidias madrugadas
é a mesma que tece com as linhas das manhãs claras
confusão de luares e mares e marés

Céu aberto de velas acessas e abertas
claridade para navegar
em águas incertas

Chuva num "ser tão" seco
inundação em alto mar

mas a lua que foge
pode clarear outro lugar





Quirina 40 graus 23 de janeiro de 2008

Ferve,
Arde,
Queima,
Provoca,

Água na boca,
Água na bica,
Água no beco,
Água na barca,

Quirina bebe todo o mar,
Quirina bebe o verão,
Quirina bebe de canudinho
toda a inundação,

- Larga esse termômetro, Quirina...
Nada poderá te medir...





A falta 24 de janeiro de 2008

A falta
A exatidão da falta
A presença da falta

Sem ata
Sem data

A falta
A instransponível falta
A marcante falta

Sem salsa
Sem valsa

A falta
A intragável falta
A visível falta

Sem máscaras
Sem vísceras

A falta que preenche tudo

Todo o espaço para a falta





Arranjos e combinações 24 de janeiro de 2008

por pouco
o tudo
virou nada

por tudo
o pouco
virou nada

por nada
o pouco
virou tudo

por tudo
o pouco
virou nada





Única e misteriosa 24 de janeiro de 2008

move-se ao cantar do dia
a única manhã que guardo
é é ela que ilumina todos os meus dias
e sempre estará ao meu lado
que nome terá essa manhã
que me beija sem hora?





Lapso 25 de janeiro de 2008

o que se faz agora
se perde no instante no próximo
ao entender o lapso
percorro assim a inconstante tréplica

explico:

como um interruptor em busca da fase exata
romeu e julieta
sonhos e goiabadas

ciladas tão fatais
o destino que faz reféns
o menino que invade um céu de tempestade
e bebe chuva

e como uma luva
um encontro que há tanto procura um encontro que há tanto procura u
encontro...
que há tanto...





Afta 25 de janeiro de 2008

Incômoda
Mexe a língua
Roça o lábio

Lânguida
Lida
Inseticida
Mata grilos e corujões
Redescobre a vida e as paixões

Nasce em bocas de noites
Siso, juízo, guiso,

Tão aflita
Afeta
A fita
Rompe

Um longe
Um lugar nenhum

No céu na boca
Uma afta

Paixões deixam marcas
E trazem febre





Esclarecimentos Sex, 25 de Jan

não sabes o quanto sou fácil
fácil de levar
fácil de entender
não sou equação do terceiro grau
não sou o "x" de problemas complexos
apotenusa... nunca fui apresentado a ela
sou um sujeito simples
não faço contas
nem combinações forçadas
nem arranjos
prefiro o português à matemática
a palavra
a palavra
a palavra
isso sim... conta





Caminhos 25 de janeiro

toda a tua imprecisão
encobre a curva
que levaria ao nosso encontro
trens fora dos trilhos
acenos sem estações
a água é turva quando cai dos olhos
de quem vê na lágrima toda a explicação

tua imprecisão é definitivamente o que não preciso





Carnaval 28 de janeiro

Um pierrot
Uma colombina
Um grão de areia
Uma estrela do mar
a distância maior é a que não tem medida
uma linha que separa a felicidade da vida
um feitiço, uma palavra, uma tempestade
o silêncio maior é o que "nos" grita





Quadrinha de uma segunda-feira com sol e chuva Seg, 28 de Jan

o verbo conter
balança um barco em plena calmaria
o verbo conter
muitas vezes é a própria embarcação
o verbo conter
mistura águas, lágrimas e correntezas
o verbo conter
não entende nada de paixão





Perder 29 de Janeiro

perdeu-se:
o rumo
o sumo
a ternura
a "fissura"
o tanto
o tento
a fatia
a folia

ficam:
os bons escritos
os bons momentos
para reler
para relembrar

nenhum vento pode ser igual ao outro

perder é uma forma real de ver
ver de verdade

assim:
guardo-te como um vento único
que balança folhas... de um calendário de primaveras únicas





As aparências Ter, 29 de Jan

as aparências estão desenganadas?
claro que não...
o que está no soro é o que não vejo
e quem está no espelho não sou eu...





Morte Ter, 29 de Jan

sinto a imensidão,
uma imensidão que toma conta de tudo,
como se eu já tivesse passado a limpo tudo o que já vivi

nada "me"acontece
os dias "me" entristecem

minha melancolia não dorme

a morte poderá ser um estalo?





Guardar 29 de Jan

Um terno de linho branco,
uma colcha de ternura,
um baile em noite clara,
uma lua no campeche,
quem guarda não perde.





Aparência Ter, 29 de Jan

destoava
muito mais por seus vôos do que por suas asas
viu-se depois que tinha mais jeito do que coragem
e sabia que por "àquele" amor
poderia ir aonde quisesse...





As duas luas 30 de janeiro

duas luas brincavam inteiras
numa noite de céu tão claro
e suas paixões tão ligeiras
emolduraram esse momento tão raro

uma lua bebia mares
a outra bebia nuvens
águas lavavam almas
águas lavavam a vida

duas luas viviam inteiras
e desafiavam desertos
e encantavam horizontes
e viajavam por nortes incertos

minha noite desenhava duas luas
parte de mim estava cheia
parte de mim estava nova
parte de mim estava crescente
tento afastar a parte minguante

um jardim gosta de céu claro
mas não vive sem céu de chuva





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