quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Um conto de sarda


Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina


Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina


A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...
Mergulho
às margens do teu rio eu mergulho sem medo
neste momento
não tenho frio
não tenho dúvida
não tenho segredo
Caixinhas
Temos o medo guardado em caixinhas no quarto.
num quarto de hora,
num quarto de hotel,
num quarto de nunca mais,
num quarto de pão...
Temos o medo guardado em caixinhas no quarto...
O coração explode... 
um arrepio grita teu nome... 
a esquina foi tatuada com minha sede.... 
e tua ausência me dá fome...
Quero o riso daquele sonhado riso mais sincero
Daquele que o amor se faz encantadoramente eterno
Gargalhadas por que o amor merece
Cobertores que a linha do querer tece
E que nos cobre do sentimento mais nobre que existe
Amor não quer dizer que tudo se faz alegre
Mas, amor quer dizer que com ele o triste não é tão triste
Entendemos, pois
Que ao querermos o tanto
É preciso beijar a imensidão
Valorar quem te faz sorrir
Ventar até perder o ar
Fazer a fala decorar a cor da cor
do texto do coração
Pano para manga também aquece

Costuram linhas, fazem chuleios, em panos quentes
Incandescentes tecidos, agasalhos de inverno forte
Linhas apaixonadas por encantadas pandorgas
Ventos inteiros a levar velas em busca do sonhado norte
Linhas de horizontes coloridos, linhas verticais a subir sem medo
Encontros de linhas, trens do nosso destino a desenhar caminhos
Navegações sem bússola a desvendar todos os segredos
Cobertores que em noites de frio não nos deixam sozinhos
As desculpas

Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo...
Nunca entendi tantos dedos,
já que eu sabia do que se tratava...
Vez por outra deixavam somente recados,
avisavam que não mais voltariam
e, logo depois, voltavam...
E com elas chegavam outras palavras,
que eu não entendia muito bem seus significados...
Mas até aquele momento,
as desculpas não se importavam com o que eu poderia ter achado...
Algumas chegavam bêbadas,
outras chegavam sem avisar,
e outras tantas  não sabiam nem o que falar...
Nunca me preocupei em entendê-las,
mas entendia o que elas queriam mostrar,
assim ficava mais fácil conjugar o verbo desculpar...
E assim foi quando eu perdi meu par...
Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo,
que me ensinaram de um jeito especial

a verdadeira face do gostar...

terça-feira, 9 de dezembro de 2014


Nem mesmo o mar poderá te dizer por onde andei naufragando.

Enfim, fica tatuado um beijo no teu coração,

para te sentires beijada sempre...

Lembrança é ferrugem pelo arame da saudade...

Lugar é um grande pássaro que adora viajar, em bandos, em bares, em mares...

Acordei ontem ao lado de três reticências...

Não me venhas falar de falta de espaço, no mesmo momento em que olhas para o céu...

Quem inventou o frio não te conhecia...

O que o mar tem pra contar, ele canta.
tece fios do luar
com novelos celestiais
por cobertores sonhados
aquece o que faz cantar
protege o que traz a paz
e o beijo voa até o corpo amado
Um conto de sarda


Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina


Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina


A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...

Amo sempre como nunca 
ainda é cedo para amar tarde
paixão é mercúrio
amor é mertiolate

teu beijo... assopra?

Medidas

Um mar num dedal, no lençol um luar, medidas não são exatas, nem toda água é mar..

Da flor da pele

A flor da pele
Rosa não deve ser
Minh’alma eu mesmo lavo
A rosa não brigou comigo
Aliás... eu nem sou o tal cravo

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

quieta, tira um cochilo a vida

repleta de palavras se faz adormecida

eu a escuto com tranquilidade

sei dos seus gritos, dos seus medos, das suas vontades...

assim o silêncio passa "voando"

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Um conto de sarda

Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina

Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina

A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...


Fomes                                                                                                 

Era inevitável a queda
frente ao vazio que se fazia
era café sem bolacha, sem fatia
era fome o que o coração mostrava e dizia

Era inevitável o pranto
frente ao exposto
era lição sem cartilha
era um mar imenso sem nenhuma possível ilha

Era inevitável o fim
frente ao penúltimo capítulo que se escrevia
era final feliz sem nenhum par
era romance sem nenhuma poesia
As parceiras

Bebem noites,mas adoram café da manhã...
Mastigam palavras poeticamente,
e cinicamente arrotam desaforos...
Conversam com anjos.
Passam os finais de semana no inferno.
Compram tapetes na feira livre.
Adoram tapetes voadores e persas...
Riem com cumplicidade e choram do mesmo modo.
Possuem palavras doces,
que transformam em cicatrizes outras palavras...
Mudam a sala a toda hora.
Fazem as malas a todo instante.
Adoram samambaias e cult movies.
São contraditórias,
mas nós amamos suas histórias...
E por paixão e risco nos entrelaçamos a elas...

(As parceiras não tem nexo. Nem sexo devem ter.
São línguas, do hiato ao plural. Muito de transbordar nada,
pouco de preencher tudo)

São assim as parceiras,
que muitas vezes nem primeiras são...
As parceiras são pele e flor.
Viver sem elas seria cômodo demais.
Marcas, tatuagens e silêncios

Espelhávamos na própria carne quando pressentíamos a dor
e tudo era uma coisa só e tudo era só
chamávamos segredo o que era intenção ardente
propúnhamos ser o que não éramos para resistir à vida
vez por outra éramos apunhalados por nossos medos
quebrávamos bússolas, rasgávamos mapas, sujávamos lentes
havíamos atingido toda a inconstância das coisas tidas como certas
e velas abertas singravam mares, bares, ares e alhos e bugalhos
entendíamos que assim resistiríamos mais
ledo engano
depois de algum tempo nos reencontramos e não falamos nada
mas havia em nossos olhares uma dor
que por não ter sentido algum
marcaria toda a nossa vida

Túlio Piva  
               
Quando a lua do destino decidiu viajar
malas na sala, recados no mar
Assim veio um menino sem passagem, sem lugar
que também queria o céu...
Escreveu, ao lembrar do tanto, de um passado tão bom
e ele “nem sei em que data"...  clareou a viagem
Quem nunca ouviu Túlio Piva que me desculpe
Minha lua de menino sempre foi pendurada no céu
“feito um pandeiro de prata".

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A intrigante briga entre a chuva forte e o chão seco
                     
Tem dias que a gente nem sabe o que quer.
E querer nada, pode ser querer demais.
E querer tudo pode ser não querer.
É como um chão seco apaixonado pela chuva forte,
ter medo que ela possa ser forte demais.
(O amor, com certeza, é assim).

- Deixa chover, grita Dolores, já encharcada.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Calor em dias frios, rasgos em tecidos finos, céu de bocas 

famintas, o grito não atende a previsão do tempo...
LIQUIDIFICADOR                                                                                            

Àquele que estudava cartografia
E via seus mapas jogados num liquidificador
Beirava abismos inteiros, e cafés amargos para acordar a poesia
Insônia de mares, pernoites em estradas, olheiras sem cor

Entenda que a sobriedade dos dias passa pela noite e por um bom vinho
Bêbado é o destino, mas é preciso... E ser preciso medida não há
Se todo mundo diz que é preciso ir, por favor, não vá
Multidão é a melhor maneira de se sentir sozinho

Olhos verdes de um gato que percorre em riscos nossa noite
O que sangra, muitas vezes, mora longe do açoite
E se a vida nos coloca a frente de um liquidificador
Deixe-se misturar, o sumo que resiste e colore é o amor

Os pincéis correm por papéis brancos que a vida escolhe
Os desenhos são linhas da nossa alma
Às vezes uma tela demora uma vida, depois se colhe
O tempo é contado por folhas de calendário e por doses homéricas de calma

O que quero em todos os sentidos mora sempre na paz
Não quero o que me faz perder tempo e não poder te beijar ainda mais
A flor da pele pode não ser rosa
Fiz essa frase para uma Música que gosto muito... resolvi compartilhar:
Entregue-se mas não se renda... da renda faça colchas para as noites de frio e quando puderes ria bastante... e cante e dance e sinta em teus poros todos os desejos da vida...

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Desejo

Se não posso sentir
mais do que tu me permites
ainda assim sigo sentindo
tudo aquilo que não sentes
e, quando feres os meus olhos
com teus limites,
correm em minhas veias
desejos repentes
Ao contrário do que vês,
não sou tão pura,
pois minha boca
solta uma mulher ardente
enquanto crês que me tens,
sou vã procura
embora aches que sou completa,
vejo-me doente...
Ao passo que vives encanto,
sou tortura
e, quando vivo em brasa,
és decente
O que faço por amor
chamo loucura
Talvez, por isso, eu seja
inocente...
Um conto de sarda


Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina


Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina


A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina

quarta-feira, 19 de novembro de 2014



De novo não estás aqui
Eu faço de tudo para que mesmo assim estejas
Loucura da não presença que acompanha
Que me almoça, que me janta, que dorme aqui

Meu coração mistura-se com o título
Minha poesia, ofegante, bebe num gole só um copo de lua
A vontade minha era estar na sua...

na sua vida

na sua linha

na sua rua




terça-feira, 18 de novembro de 2014


Para Leminski

Tudo que é correto demais
Desalinha o mundo, a reta
Um trem fora dos trilhos
Vê coisas que não veria
Se estivesse sempre nos trilhos

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Aparências

A tarde tropeça no dia
Mas quem cai é a noite...


Hummm....

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

SAUDADE

Saudade é um tempo tanto feito de fatias de imensidão
Uma música de Marisa Monte, uma taça de vinho e outra taça de solidão

Saudade é querer estar toda a hora, todo o dia
Fatias de poesias no Café Coração
Um filme de Fellini, uma música de Buarque
e de quebra sonetos colados no portão 
Dizeres

O amor deve regar à flor da pele
Por que o que arrepia, cutuca, aproxima
É uma cachaça, uma ambrosia
Um sentimento que dá gosto, alegria
Que provoca o querer, alquimia
Que remexe, bole, mistura

Que dói, que deixa a face rubra, que cura