Logo atualizarei o blog...
Muitas poesias nasceram, mas não tive tempo de postá-las.
Muito obrigado pelos comentários, emails e mensagens sobre meus rabiscos.
Dike
Tanto quanto se sente
Ofegante o de repente
Que chega tão frio e não se sente
Que preenche o não ser ausente
Pois é tão rio
E ao mesmo tempo mar corrente
Que de tão sincero, mente
Teu olhar navega instigantemente
O que era toda vida
Vira instante num triste canto
E o que nascera triz
E nada se esperava
Alucina, explode, encharca, vira tanto
Ana II
Em olhos de mar
Longe e tão perto
Lábios para sonhar
Fica o olhar
Como fosse imã
Teu corpo me faz viajar
Sinto que
Pelo andar do vento
Lá se foi minha calmaria
Mas ganhei tempo
Ana III
Vejo velas novas
No mesmo mar
Tudo novo na mesma vida
Desejo à queimar retas
Curvas para celebrar paixões
Que de repente deixou de ser secreta
Redescobri assim meu coração
Agora
Agora
Destoa do agora
Depois entoa
Àquela música
Quebra
Dilacera
Sofre
Aprende
Encara
Fortalece o agora
Como se o minuto
Fosse a eternidade
E tua boca o paraíso
Ana
O lençol é bêbado
O anzol é bêbado
O farol é bêbado
O carrossel é bêbado
O acolchoado é são
O caniço é são
O mar é são
O cavalo é são
A alma sã e o corpo não?
A vida sã e a morte não?
Mas teu corpo aquece tudo
Sara tudo
E recupera meu sorriso num beijo
Lobos
Vila Lobos transformou o trem em luares caipiras
E hoje eu viro lobo para beijar a lua
E escutar tuas eternas liras
A música nos ensina a fazer melhor o amor
A dor
Vale-me a dor
Quando a dor
Faz o olhar
Mais claro
Admito o arder
Quando o querer
Me faz “tardiar” o erro
O livro não lido
É o prazer não consumido
Num quase não querer acontecido
E o amor assim é quase
A cor
A minha cor não tem a cor tua
Já teve a tua cor a minha cor
Já chamei amor o que era só loucura
O teu beijo já foi a minha cura
E a lua que era nova e nua
Nascem esquecendo a dor
Éramos torpor
Antes de sermos ternura
Isso preenchia o cedo
E fazia esquecer o temor
Estávamos a um beijo de tudo
Tanto
Um rastro deixa no quarto
E dorme a tristeza sem par
Pois corpos se prendem no ato
Independente do próximo minuto
E dorme a tristeza de luto
Pois corpos se atrelam a felicidade
Um canto de mar resgata o barco
Águas de olhos de quem foi náufrago
Pousam asas beijando a embarcação
Pois corpos renascem na lua e na compreensão
Teu olhar
Faz o meu dia bem feliz
Sem teu olhar não faço poesia
Teu olhar me faz um eterno aprendiz
Teu rosto
Sorriso que diz amor
“Lumiar” de jóia rara
E ao mesmo tempo simples
Por isso nasceu flor
O corpo
Lateja o corpo com o cair da chuva
Aumenta a sede mesmo com tantas águas
Existe a mágoa
Existe o frio
Sabemos onde está a luva
Mas não mais a queremos
Barcos à deriva
Sempre em desafio
E uma faca se insinua
Mesmo sem mostrar o fio
Lateja o corpo
Explode a alma
O caminho torto
É bem mais confiável
(frases soltas num liquidificador)
Fuga
Sou fuga porque não claro
Das trevas que nunca fui
A lua que faz ranger os dentes
Em nuances que racham as lentes
De uma paixão ardente
Que transpõem o nexo
Por um triz eterno
Que só quem ama, sente
Que só quem vive, sabe da dor
Primeiro dia do final também é o primeiro dia do reinício
Manhã
Com sol
Com chuva
Imã
De retas
De curvas
Vã e complexa
Completa e clã
Meia noite e meio dia
Num mesmo tempo
Calmaria e vento
E assim se fez
Tudo assim
Diferente
A eternidade
E o de repente
Como se tudo começasse agora
E nada pudesse me deter
Querer
Algumas vezes
O querer
Quando não quer
Disfarça, usa máscara
Vira camaleão
Outras vezes
Transforma o amor
Vira retalhos
Vira solidão
Corpo quente provoca um temporal
Atemporal foi minha paixão
Que agora
Tem data de fim
A lentidão da minha compreensão
Pelo menos preparou o jardim
Uma flor que mora longe
Ainda me faz sorrir
Regar é um verbo de ligação
Esquecimento
Não haveria mais motivo
Nem hora
Não haverá
Mais tempo
Nem compreensão
Apaguei teus sinais de tudo
Tirei a fotografia do criado mudo
E meu amor
Deixou de ter nome
Que venha a surpresa de um olhar primeiro
Que eu ainda não conheço
Misturas
É a minha vida que agora sorri
Quis partir, quis ir embora
Mas o meu agora sempre foi aqui
Minh’alma é clara e transparente
Se voei demais foi por intenção
E quem não entendeu esse voos
Foi porque não entendeu meu coração
Porque aprendi que a vida é emoção
Não troco abraço de amigo por nada
Não troco beijo da mulher amada
Se errei foi com muita convicção
Paixão.
Lance para não esquecer.
Sangue. Veias. União.
Tesourinha, Figueroa, Mateus, Falcão.
Foi Campeão invicto quando nasceu.
79 ano da coroação.
Rubro por todos os cantos, todos os risos, todos os prantos.
Linha de ataque para a emoção.
Rubro de emocionar e nasceu com a pele rubra,
E assim nasceu meu irmão.
Na poltrona o passado colorido
O futuro gravado ontem
Roteiro novo de um livro “tantas vezes lido”
Entre a carruagem e o andar
Todo o andar desse mundo
Agora é teu andar
Andar de ilha e de porto
Andar de rio e de mar
Andar de alma e de corpo
Guaíba e Conceição
Praça XV e Redenção
E se a vida assim quiser
Varanda e rede
Areias no pé
E um amor de uma vida inteira
Para contar
Entre a carruagem e o andar
Entre o mar e à beira
Até o riso que se foi, voltou
Vem de ti em brumas intensas
Incendiando aldeias da primeira emoção
Vem de ti todo o meu pranto
Até o pranto que se foi, ficou
Vem de ti em lumes incandescentes
Iluminando palavras não ditas inteiramente
Vem de ti todo o meu querer
Até o querer que se foi, tatuou
Vem de ti em hiatos latejantes
Recriando o amor em minha compreensão
Só assim preencho tua falta
Com minha saudade e minha solidão
Como um punhal que a mim corta
Busco encontrar meu coração
Duas quadrinhas de nunca e de sempre
Beira o triz
Beira o tão
A flor de lis
Já foi botão
Beira o par
Beira a solidão
A estrela do mar
Já foi constelação
Quadrinha da paixão confusa
A intensidade apaixonou-se por um interruptor
Levou um choque e achou que era amor
Dualidades
Quando fui exato perdi a noção
Quando fui livre me prendi em tua mão
E quando me disseram que era tarde
Aprendi que o tão cedo depende da compreensão
O amor é um risco
Curvas apaixonadas
Sem direção
Poeminha
À noite antes de dormir escrevo solidão no espelho com o creme de barbear
para quando acordar amanhã não esquecer que existe tatuado nos reflexos um verão
que mistura-se aos invernos, aos outono, as primaveras
de um querer independente de estação
Poeminha para Paloma Brum
Cantiga de flor
Abelha fazendo zum
Mel e sal, mar e sol
Retrato de Paloma Brum
Madalena e olhos de voo
A vida fazendo zoom
A flor tatuada em versos
Na pele de Paloma Brum
As velas
A vela espera o vento
O mar alaga a lágrima
A vela apaga com o tempo
A mar disfarça a água
A vela navega livre e afaga
Acessa tal qual o mar
O tempo espera a água
E a vela se recusa a clarear
A lágrima parte com o vento
Navegações de bocas e luares
A paixão perde-se num tempo
Entre outras bocas e outros mares
Para Leminski
Tudo que é correto demais
Desalinha o mundo, a reta
Um trem fora dos trilhos
Vê coisas que não veria
Se estivesse sempre nos trilhos
Para Leminski II
A verdadeira entrega é feita de coisas escondidas
E fugidias
Assim, a entrega torna-se verdadeiramente transparente
A contradição do dia e da noite foi quem inventou as “18 horas”
Para Leminski III
A chuva bate na porta
Assim, o náufrago aporta
Para Leminski IV
O mar adormece num segundo
No outro acorda o mundo
Para Leminski V
No café da noite
Uma frase rasga o silêncio
Abro um pacote de bolacha e adormeço
Me contaram o final e eu não lembro nem do começo
Para Leminski VI
Não ter o que lembrar é sofrer muito mais quando se tem lembranças
Às vezes a guerra nos faz querer e lutar pela paz
Para Leminski VII
Longe
Esqueci o celular na agência
Quieto
Sem alguém para falar
O mar canta
A noite cai
Como vou acordar amanhã sem despertador?
Preciso me levantar agora
Para Leminski VIII
O que intriga é o interruptor que me atiça
E depois não liga
Escuridão é um elo
Tua foto com o rosto vermelho
Virou um sonho amarelo escondido num livro
Converso com o espelho
E não me entendo
Para Leminski IX
O esquecimento é uma linha que mora longe
Mas rompe perto
Quadrinha de um dia de vento
O vento é cedo
A calmaria vem tarde
O amor dá medo
Quando a paixão arde
Para Cecília
Sou muito tarde
Para um amor tão cedo
Para Leminski e para Betty Blue
O corte que vem d’alma
Foi tatuagem de um grande amor
Cortar é um ato de declamação
A paixão é poda
A flor
O canteiro que hoje flora
Já foi dor
Já foi estio
Já foi rosto que hoje cora
Por um amor que não sucumbiu
Tem uma flor que aflora
Que brinca de tatuar meus sonhos
Continua linda e ainda cora
Quando falo desse amor
Que ainda vive mundo afora
E mesmo com o passar dos anos
Continua agora...
Um versinho para a redenção
Um vento rasga a palavra
Que nasceu para ser inteira
Amor sem dor é corte
Vem com força, ama, sonha e crava
Como sendo paixão primeira
Mas chama de nunca o que já foi norte
Café?
Colocaram café na minha agonia
Colocaram café na minha insônia
Colocaram café na minha alegria
Colocaram café na minha poesia
(Dolores não entende ‘bulufas’ e diz que vai preparar uma boa caipirinha)
Solidão
A solidão dos olhos cheios de lágrimas
A solidão das mãos cheias de calos
A solidão dos faróis cobertos de nuvens
A solidão dos poetas em meio a uma multidão sem versos
Achados
Corre Maria
Corre João
João faz poesia
Maria faz canção
João beija sua nuca
Maria faz nega maluca
E se amam pela noite inteira
Como se tivessem tudo
E eu até acho que eles têm
Nunca
Era determinante o nunca
É o máximo que disse foi talvez
Depois de um “quem sabe”
Acordamos juntos, abraçados
Na outra manhã
Decidi que era a hora do nunca
Olhei fixamente nos olhos dela
É o máximo que consegui foi dizer
“falamos disso amanhã”
Acordamos mais juntos, mais abraçados
E os anos passaram
E a vida passou
E o engano ficou tatuado num lençol
A andorinha e o mágico
A andorinha procura o mágico
Pois ela ouviu dizer
Que mágicos fazem sorrir
E desaparecem para esquecer
A andorinha é tão sozinha
É triste por uma paixão
E pensa que apenas uma varinha
Traga de volta o verão
O mágico ao ver a andorinha
Ficou solene e de joelhos
Disse: “quem voa é feliz
E tirou da cartola seu último coelho
A rua
A rua inteira não canta
Não tem dentes para morder
Nem bocas para sorrir
Nem areias para escrever
Nem telas para colorir
A rua inteira não canta
Não tem palavras para compor
Nem lábios para beijar
Nem lenhas para queimar
Nem frases de amor para dizer
A rua inteira não canta
Não almoça
Não toma café
Não janta
Que alimento essa rua ingere senão o pão dormido que beira agoniado a esperta insônia?
Tortura
Tudo o que agora penso é penso
Desequilibra com a primeira fala contrária
Contrária a felicidade
E tudo que agora penso, cala
Insegurança de um cais que balança o mar
Trêmula mãos de um primeiro encontro
Um sopro que aparenta um forte vento
O destempero dos amantes ao não esconder seus beijos
Tudo o que agora penso é penso
Se move
Engana a frase exata
Desequilibra
Pois as metades pesam diferentes
Difusas
Perdem-se na escuridão
E tudo o que agora penso, apaga
Tempero
Olha o tempero bom que tem... sal da terra e do mar e da poesia de querubins e de andantes de bar... ela é todo mar... Jorge, Ogum, Meu Deus, Oxalá... ela é todo cantar... Olha que tempero bom, vai mel, vai pimenta, vão ervas finas e salsinhas... que tempero bom que ela tem... quando a leio eu misturo bem suas palavras, extraio delas todo o querer... tempero assim meus dias e minhas noites... ah... que tempero bom que ela tem...
I Quadrinhas de outubro
Anoitece sem entender
Que a razão é vã
Que o acaso dá prazer
Que me faz assim navegar
Longe, muito longe do seu corpo
Naufrago sempre em outro mar
III
Nenhuma mensagem no celular
Que saudade do correio
Ou da mensagem em garrafa via mar
Medos
Acendo a luz
A claridade me faz não enxergar
Tua boca perde-se na noite escura,
Que eu teimo, por medo, não beijar
Joga comigo general
Todo o vôo da Bia
Era assim tão natural
Tinha sol no seu olhar
Sua vida tinha sal
Vestido
Nelson virou cotidiano
Nada mais deixa rubra a moça
Nem o passar dos anos
Romance
Foi numa noite na Barra
Ao navegar de canoa
O cantor viu um lume
Que vinha lá da Lagoa
Tinha faíscas de céu
Vestido preto e vassoura
Teu olhar é um feitiço
Linda flor de laranjeira
Um chá bebido num gole
Poção menina faceira
E quando viu o cantor
Nasceu a paixão primeira
Não importa
Se foi bruxa ou princesa
Se foi rainha ou sereia
Se tinha casa na lua
Se tinha castelo de areia
O que vale foi a paixão
Que nasceu nas Rendeiras
Roda a vida, destino
Move o tempo, sereno
Sonha com a moça o menino
E canta a canção do Engenho
Nas folhas dos calendários
Verdes como teus olhos
Olhares incendiários
Gira a roda, moinho
Move o teu coração
As águas onde navego
Nasceram desta paixão
Tenho um Engenho na vida
Feito receita de pão
E gira a rosa dos ventos
Até virar floração
Na lembrança viva que tenho
O meu boi volta pra rua
E canta a canção do Engenho
Canta Engenho canta
Deixa o mundo rodar
Se a vida tá cansada
Deixa a vida vadiar
Letra dedicada à: Chico, Muniz e Alisson
Vou encontrar meu final feliz – Minhas mulheres
Quirina
Betty Blue
Dolores
Uma flor
Uma narradora
Um amor primeiro
Sete “marias”
Sete nomes
Sete sinais
Minhas mulheres
Minhas paixões
Minhas meninas
Paixões
Eu estou andando sem estrada
Numa cilada que eu mesmo armei
Na boca um beijo guardado
Quase tatuado, resguardado, feito vinho bom
Nas janelas passam cores que eu nunca vi
E eu jogando conversa fora sem cor
As possibilidades são como chuvas
As vezes inundações, as vezes estios, e vão e passam
Quero encontrar minha estrada
E a boca da mulher amada que ainda amarei
Sei que não está tão longe, sinto que arde e vou encontrar meu final feliz
Que vi num filme na sessão da tarde
Chuva
Uma chuva intensa bate à minha porta
Pedindo para me encharcar
Diz que vivo assim muito seco
Sempre com medo de me molhar
Eu quero o amor da minha vida
Feito a música do Cazuza
Nem que seja inventado
Como a poesia que eu fiz e nunca foi lida
A chuva cai e me leva
Não quero mais àquele amor
Pro café
Pro almoço
Pra janta
Quero um amor sincero, sem tempo, sem data,
sem explicações para tudo, para todos, para sempre...
Seco agora só o vinho... que venha a chuva...
Falas
Existe uma sombra na noite que não termina
Passam manhãs, passam dias, meses, anos e ela continua ali
Uma ferida aberta em mar aberto,
Uma vida cansada em corpos cansados,
Todo um grito que não se ouvia,
Agora explode em silêncio e agonia
Ser escritor é uma ferida aberta sempre,
Levamos para a vida tristezas em linhas da mão e precisamos lê-las,
A felicidade precisa de leitura
Mas dói muito, cansa, absorve
Muitas vezes nos entregamos a um silêncio profundo e arrepiante,
Tal o menino de poucos anos vendo um filme de terror e não querendo mostrar medo,
Ou recebendo os carinhos da prima e não querendo mostrar medo
Guardo tudo em si,
Em notas que somente “eu” entendo
Bebo
Todo àquele vinho que sinto,
àquele chileno seco, tinto
trouxe-me palavras que queriam gritar
mudas por tanto tempo
puderam agora falar e em vez de sopros vieram ventos
liberdade começa assim
liberdade para sentir, para viver, para amar
agora posso
Primavera
Recaída
quem sou eu para policiar meu coração?