terça-feira, 28 de junho de 2016

Desejo

Se não posso sentir
mais do que tu me permites
ainda assim sigo sentindo 
tudo aquilo que não sentes
e, quando feres os meus olhos
com teus limites,
correm em minhas veias
desejos repentes
Ao contrário do que vês,
não sou tão pura,
pois minha boca
solta uma mulher ardente
enquanto crês que me tens,
sou vã procura
embora aches que sou completa,
vejo-me doente...
Ao passo que vives encanto,
sou tortura
e, quando vivo em brasa,
és decente
O que faço por amor
chamo loucura
Talvez, por isso,
eu seja inocente...
COISAS DE ENGENHO

A COR DOS OLHOS DA MENTE
AVISTA OS OLHOS DO CHÃO
QUEM SABE A COR DA SEMENTE 
FAZ ARCO-IRÍS NA MÃO
QUE BROTA A SENSAÇÃO DA LEVEZA
EM 0LHOS DE ASSOMBRAÇÃO
DEPOIS DO MEDO VEM O BEIJO
DESEJO DA PAIXÃO
UM MAR NUM COPO DE VINHO
A DOR AMARGA DO BREU
SER SÓ NÃO É SOLIDÃO
DEBAIXO DOS NÓS TEM UM EU
A GAIVOTA PASSEIA
DESENHA UM VOO NA VARANDA
O DESTINO SE ENLEIA
E ENROSCA NA MENINA CIRANDA

sábado, 18 de junho de 2016

Conversas
Ainda assim, acredito em minha varanda, em minha rede, em minha poesia... acredito que tudo é simples demais e complicamos tudo. Ainda assim, acredito em andar de mãos dadas, em dormir de conchinha e outras posições de encaixes. Ainda assim, sigo a buscar, a "me" perder, a "me" encontrar e, tenham certeza que o tempo passa rápido
demais e precisamos aproveitá-lo com muito amor, em todos os sentidos. Ainda assim, continuo a passear na praia, a escutar as gaivotas e a todo o momento resgatar o menino que mora dentro de mim. Às vezes me pergunto se estou no mundo certo. A resposta vem rápida: com certeza, não.
Túlio Piva
Quando a lua do destino decidiu viajar
malas na sala, recados no mar
Assim veio um menino sem passagem, sem lugar
que também queria o céu...
Escreveu, ao lembrar do tanto, de um passado tão bom
e ele “nem sei em que data"... clareou a viagem
Quem nunca ouviu Túlio Piva que me desculpe
Minha lua de menino sempre foi pendurada no céu
“feito um pandeiro de prata".

quinta-feira, 16 de junho de 2016



Um conto de sarda
Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina
Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina
A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...
Ilustração: Carol Salles

domingo, 12 de junho de 2016

Com amor. com parceria, com vontade, coração e alma

Amor assim da cor que é
Faz o querer cantar
Amor foi feito para sorrir
Amor feito para amar
Amor de uma vida inteira
Preservado, intocável, abrigo
Foi assim que resistiu
Foi assim que se consolidou
Por ser da cor que é
Esse nosso encantado amor
Viajou, voou, partiu
E para sempre voltou
Agora tatuado, eternizou...

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Hai-Kai sem métrica

Todo mundo tem escolha
A felicidade pode ser um estalo
Como quem dança num papel bolha

Fomes
Era inevitável a queda
frente ao vazio que se fazia
era café sem bolacha, sem fatia
era fome o que o coração mostrava e dizia
Era inevitável o pranto
frente ao exposto
era lição sem cartilha
era um mar imenso sem nenhuma possível ilha
Era inevitável o fim
frente ao penúltimo capítulo que se escrevia
era final feliz sem nenhum par
era romance sem nenhuma poesia
A fome comia...

quinta-feira, 9 de junho de 2016





O amor é um sol e uma chuva boa
A cor que faz o amor é a cor que faz o amor
De repente colore de mansinho e toma conta
Um navegar preciso entre o querer e o querer e o sempre



quarta-feira, 8 de junho de 2016

PEQUENA CRÔNICA DO FEITIÇO QUE VIROU CONTRA O FEITICEIRO

Um amor de tempos é aquele que aquece a solidão a qualquer momento
Um “que” que abriga tanto querer e faz o sentimento crescer lá dentro
Uma verdade que não finda, um tentar com todas as forças que se tem
Um amor assim atiça, envolve, permeia a tudo
e quando despertado ganha mais vida, fica mais forte, faz bem


Pano para manga também aquece

Costuram linhas, fazem chuleios, em panos quentes
Incandescentes tecidos, agasalhos de inverno forte
Linhas apaixonadas por encantadas pandorgas
Ventos inteiros a levar velas em busca do sonhado norte
Linhas de horizontes coloridos, linhas verticais a subir sem medo
Encontros de linhas, trens do nosso destino a desenhar caminhos
Navegações sem bússola a desvendar todos os segredos
Cobertores que em noites de frio jamais nos deixam sozinhos