terça-feira, 31 de março de 2015

Acontece

Ao que parece
o entendimento
Deu lugar ao
O que parece
E o que se lê
Muitas vezes
Não é o que
Acontece
Linhas inteiras
Para coser o dia
E assim anoitece

A vida vem
Em rolos
O gato destino
Desafia o novelo
De lã
E a felicidade assim
Amanhece

A bem da verdade
Um beijo sincero
Faz o trabalho
De um tear inteiro

E a colcha paixão
Assim aparece


Cabe-me
Enquadrar
O inteiro
Ao torto
Devaneio
Que explode
O meio

Eu discuto
Com meus grilos
Conto carneiros
Solto os bichos
Faço terapia
Com meus bodes

Não sou
Muito além
Dos meus bichos
Mas quem poderá
Medir o além?

Não sou
Muito além
Dos meus gritos
Mas quem poderá
Medir gritos?

As gaivotas me fascinam
Mas aprendo muito com os sapos...

Que engulo...

segunda-feira, 23 de março de 2015

Amor em todo lugar... por ai afora... amor para sorrir... 

sempre, aqui, acolá, agora...

"Há mor",,, então flora...

sábado, 21 de março de 2015

Passa uma chuva lá fora
Um barquinho de papel navega aqui dentro
Um dia se encontrarão em cartas antigas,
Nas leis da cartografia, na imensidão dos oceanos
Ou em poças na calçada da rua antiga onde andávamos de carrinho de lomba...
                                            
Águas que já foram lágrimas
Mágoas que já foram feitiços
Anáguas que já foram desejos
Navegarão feitos sonetos sem data

Passa uma chuva lá fora
E uma tormenta se prepara aqui dentro
E num gesto de cuidados a lua vem me abraçar
Ela e eu e tanto mar

Deixaremos com paciência a chuva passar

sexta-feira, 20 de março de 2015

Capitu


Quando conheci Capitu


capitulei


desenganei


a confiança é um conto


um Machado afiado


uma colcha de retalhos


com bainhas de linho


quem nunca se sentiu Bentinho?
Claridade 

Mesmo sem estrelas no céu,
quando tenho tua boca fico claro.
Volumes

Eu rio muito contigo... Chego a ser mar...
Declaração rasgada sem tradutor e sem vícios de linguagem

Falamos a mesma língua...
Beijaria a tua eternamente..
Crônicas de um mundo bem contemporâneo
Ensaiou uma crônica
deixou um bilhete
pediu gim
implorou uma tônica
ensaiou a bula
escondeu a receita
Quirina é louca
mas aproveita
o sol acorda
a lua deita
a vida é simples
e se ajeita
  • Guardo-te 

  • Guardo-te como quem guarda o gosto da primeira manhã...
    Infinitamente. Guardo-te como quem viu o céu uma única vez.

  • Navegação 

  • O que faz todo o navegar é uma boca cheia de mar.
...
Nada é exato.
O resto da vida pode ser o próximo minuto ou os próximos cem anos...

...
Augusto não era tão anjo assim . Não entendo até hoje seu plural.

...
e um vampiro apaixonado,
dá de presente um cachecol...

...
Quem ama não data.


segunda-feira, 16 de março de 2015

Um conto de sarda


Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina


Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina


A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...
Outono da minha face

Quem olha agora a minha face
Não imagina a cor que nela havia.
Estou outono.
Folhas secas.
Metade vinho tinto.
Metade abandono.
Sou hora do plantio em época de estio.
Quem olha agora minha face
Beira a flor da pele e o arrepio.
Estou outono,
Esperando, sem mangas, o frio...

Quando se vai

Dói por dentro. Dilacera.
Pá de cal. Pé de guerra.
Punhal no peito. Alma calada.
Sono sem leito. Beijo sem jeito.
Abraço de cilada. Amor quase perfeito.
Oração subjetiva. A procura do sujeito.
A procura da própria vida. Objeto num olhar direto.

Dói por dentro. Toda e qualquer despedida.

terça-feira, 3 de março de 2015

Ai meus medos tão pequenos
Diante do esperançoso março
Que lavará minh ‘alma
Devaneios inteiros a tomar conta
De inquietantes noites
De bêbados cafés
De suaves serenatas

Entendo assim que é a hora do transformar
Do viver e sentir intensamente
Tudo o que vive aqui dentro a explodir

E poucas pessoas saberão o que realmente sentimos
Pois são poucas as pessoas que realmente sentimos

Ai meus medos tão pequenos
Por favor, se aquietem
Meu sorriso farto avisa
que num piscar de olhos apareço
“eles são muitos, mas não sabem voar”

Escuto esta música desde guri e desde guri acredito
que nada como um dia depois do outro...


(Como ter medo quando se tem no coração um amor do tamanho do meu...)

segunda-feira, 2 de março de 2015

Um conto de sarda


Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina


Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina


A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...