terça-feira, 9 de junho de 2015

Quando a exatidão descobre que a surpresa é fundamental


Baldes de mares teimam em encher dedais
Assim esquecemos dos beijos no meio da tarde
Das cartas redigidas a mão

É preciso surpreender
O amor necessita de arrepios e friozinhos na barriga
Amor não tem botão de liga e desliga

Botões que valem de verdade

São os que deliciosamente abrimos para sentir o corpo amado

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Sempre  

sempre é uma chuva que não cai sempre
molha aos poucos e desaparece sem aviso
sempre é um caminho que não está no mapa
e anda aos poucos e desaparece na estrada
sempre é um menino de nome acaso
que beija sempre a menina de nome talvez



CENAS DO COTIDIANO
Bergamotas

Tempo nublado, sem chuva, mas choroso. As linhas do quando lavam almas, desenham nuvens e encantadoramente rasgam comentários embalados com a previsão do tempo. Enfim, detrás da nuvem um sol e uma lua beijam-se.
Vi uma cena linda, ontem, no centro de Floripa, perto do Terminal, quase na Conselheiro Mafra. Um menino de uns dez, onze anos no máximo vendia bergamotas. Simpático, atento e envolvente. Ele chamava os fregueses assim: “Bergamotas doces, para a gente ter um dia doce, bons frutos para um dia doce”.
Era isso ou quase isso, o importante é o conceito, diriam meus colegas publicitários. Vendia muito o guri. E além de vender passava alegria a quem ali passava. Eis que surge uma senhora, humilde, roupas velhas, mas bem vestida, entendes isso, leitor? Claro que sim. Ela aproximou-se do vendedor de bergamotas e perguntou: “É doce essa bergamota?”. Ela não tinha dinheiro, era visível isso.
O guri com olhos de bondade e gestos harmônicos, entre o sorriso e a compaixão, olhou bem nos olhos da senhora e respondeu: “Prove”. Ela, já com os olhos marejados, falou baixinho: “Eu não tenho dinheiro”. Ele fez que não escutou. Ela descascou a fruta. Ele continuava a vender as bergamotas.
Ela comprovou toda a doçura da fruta e do momento. Ele colocou mais quatro bergamotas num saquinho e deu nas mãos dela. Ela sorriu e saiu “devagarzinho” com um sorriso que encobria todo o seu rosto. Ele sorria ainda mais.
E continuou a vender as bergamotas: “Bergamotas doces, para a gente ter um dia doce, bons frutos para um dia doce”.
É preciso olhar a vida com olhos doces. Quem viu a cena que eu vi, com toda a certeza do mundo ganhou o dia e aprendeu muito com àquele guri.
“Olha a bergamota” – mas olhe de verdade.
É minh’alma que diz,
É minh’alma que num silêncio te desenha,
É minh’alma que navega em tuas águas,
São tão nossos, nossos momentos...
Em teus braços sou tão feliz,
Em meu coração a todo instante soa “venha”,
Longe de ti o tempo é triste, a lua é lágrima,
Uma febre, um calafrio, um suor, um batimento...
A falta grita tendo a sacada como moldura,
Uma tela que espera ser desenhada,
O paraíso agora começa a ser explicado,
Quando ouço teus passos a subir as escadas...

terça-feira, 2 de junho de 2015

Dizeres

O amor deve regar à flor da pele
Por que o que arrepia, cutuca, aproxima
É uma cachaça, uma ambrosia
Um sentimento que dá gosto, alegria
Que provoca o querer, alquimia
Que remexe, bole, mistura

Que dói, que deixa a face rubra, que cura