Aparentemente
o querer transparece
Quase por quase não querer que o
espelho enxerga não querendo ver
Num instante presume que o amor é
constante, noutro beira o acaso
Diz que não quer, que não sente
saudade e disfarça assim o querer
E quer que o tempo corra, pois meio
poço cheio de um ângulo é raso
Imensidão pode encher parcialmente um
dedal
Um vazio pode preencher totalmente o
tanto
O vento muitas vezes não quer falar
com o varal
E bem no canto do canto mora um canto
Aparentemente
o querer transparece II
O amor não deverá impor nem precisará
se puder ser o que será
Uma questão de jeito numa imensidão
que ele chama de incontido
Num tanto que às vezes parece pouco,
mas inteiramente fará
Entenda minha declaração tal um livro
misterioso não lido
Nasceu a flor mais linda num jardim
indefinido
Mas mesmo assim a beleza existe e se
faz presente
O entendimento mesmo não lido faz do
livro
Tudo o que o coração diz preciso
O entender vai de encontro ao
inexplicável
Seria exato se o encontro se
propusesse a não se conter
O silêncio nas entrelinhas grita
inteiro em descompasso:
Que uma grande paixão pode sem querer
desaparecer
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