sexta-feira, 21 de maio de 2010

Minha primeira letra será minha

Uma chuva

Existe uma chuva em mim que me inunda
As vezes me alegra
Noutras me entristece
E o destino assim a tece
O destino nessa dicotomia
Que me separa
Que me afasta
Que me divide
Que me deixa muito alegre
E me deixa muito triste

Existe uma chuva em mim
Que é mais do que a lágrima
Beira a eternidade
E num momento depois me dá adeus

Acredito que o tempo me faça entender de todo essa chuva
Pois o que me prende
É um amor tão meu

Uma nota musical que eu amo cantar



Frieza

Não vejo como o amor possa ser frio
Que nele seja tatuado inteiramente a razão
Não vejo o amor preso num fio
Nem colocado num alçapão

O tempo faz bem quase sempre
Mas algumas vezes
O tempo perde-se nele

Não vejo como o amor possa ser perdido
Pelo simples fato de ser negado
Não vejo o amor ser ser vivido
Não ter história e ser esquecido




Falas

Falando em Pessoa

É preciso esquecer?
Não.
Esquecer não é preciso.

Falando em Florbela

É preciso esquecer com lirismo?
Não.
Esquecer também é fanatismo.

Falando em Quintana

É triste ficar sozinho.
Não.
Voar é com os passarinhos.

Falando em Cecília

É importante esquecer o triste.
Não.
O motivo do passarinho não é só alpiste.




A solidão

O que mais me resta nestas noites tão frias do que meu bom vinho tinto seco, minhas músicas, meus rabiscos e minhas lembranças?

Fui um privilegiado por tantos bons momentos, mas a solidão é implacável e não toma conhecimento disso e me abraça





Tudo

Nada mais me resta do que tudo
Tudo me resta
O primeiro dia da minha vida é amanhã
Estarei inteiro para a festa
Não ficarei mudo
Cometerei todos os pecados
E farei a vida comer com vontade todas as maçãs





Que lua é essa?

Que lua tão triste mesmo assim tão cheia?
Que luminosidade que me afasta do amor cantante?
Que estanca o sangue em minhas veias?
Que coloca o perto tão distante?





Que rio é esse?

Que rio que passa sem ver o amor?
Que corre e sai de braços dados com a tristeza?
Que traz das águas só a dor?
E deixa a felicidade ir com a correnteza?





Tempos

Será que ainda há tempo
Será que ainda há solução
Será que ainda há vento
Para fazer respirar meu coração?

Será que ainda há vida
Nesses versos e sentimento
Será que o adeus e a partida
São apenas situações de momento?

Será que a poesia sobrevive
Para se chegar ao horizonte é preciso passar pelo sofrimento?

Um comentário:

  1. Sempre há tempo...sempre tem solução....o vento sempre aparece...e o coração? Ah...este coração, ele vai continuar batento no ritmo certo, para a pessoa certa, com tudo e tanto. E assim a vida continua, com mares, luas, areia, conchas, abraços, amor e esperança, sempre. E você poeta, que sempre nos encanta, continuará nos fazendo respirar e suspirar com suas poesias.

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