sábado, 18 de janeiro de 2025

Essa tal Florbela

 


 

Ele lê muito Florbela

E Florbela é deliciosamente louca

Ela se atira da janela

E tem certeza que a altura é pouca

Difícil entender ele

Muito mais entender ela

 

Poucos conhecem a Florbela

Quase ninguém me conhece

Faço poesia porque ela me alimenta

A palavra desde guri me “atenta”

As águas que eu prazerosamente navego

São sinceras, as vezes sem sentido, não nego

 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Rasgos

Rasgos

 

Rasgos são tão precisos

Rasgos são tão intensos

Rasgos cortam por fora

Rasgos cortam por dentro

 

Rasgos a fazer a peça do tecido

Rasgos são livros não lidos

Rasgos são colchas de retalhos

Rasgos são cobertores adormecidos

 

Incêndios

 

Incêndios                                                         06.01.2025 Campeche

 

Minhas meninas cansadas

Por pouco dormir

Cantigas de rodas

 

Minhas olheiras profundas

Por pouco dormir

Lembranças acessas

 

Meus olhares tão longe

Por pouco dormir

Sonhos despertos

 

Meus incêndios

Por pouco dormir

A clarear minh’alma

Breve canção do que me conforta - I - II - III

 

Breve canção do que me conforta              

Campeche, 3 de janeiro de 2025

 

Meus incêndios disfarçam meus terrenos áridos

Cantorias na madrugada me despertam

Nem sei se sou noite todo dia

Ou se meus dias escurecem sem avisos

Aquém do que me arde moram centelhas em minh’alma

Mantenho meus medos, meus desesperos e minha calma

Assim sigo aos pedaços tão inteiro

 

 

Breve canção do que me conforta II          

Campeche, 3 de janeiro de 2025

 

Meus desconfortos são agostos a beirar trinta graus

São tintas e tantas cores a desenhar invernos

Calafrios e queimações no mesmo drinque

Assim como vender a roupa nova no “brique”

Assim como calar a fala num único grito

Mantenho meus segredos, meus calos e minha esperança

Assim sigo a guardar lembranças

 

 

Breve canção do que me conforta III        

Campeche, 3 de janeiro de 2025

 

Minhas despedidas são breves hiatos em frases soltas

Cartas a mão leves escritas em momentos únicos

Destinatários que escondem o CEP

Que não querem ser encontrados e de repente aparecem

O que sei de mim muitas vezes nem me interessa

Mantenho minhas fugas, minhas rugas e meus sentimentos

Assim quando vem a calmaria eu me encho de vento