Marcas,
tatuagens e silêncios
Espelhávamos na própria carne quando
pressentíamos a dor
e tudo era uma coisa só e tudo era só
chamávamos segredo o que era intenção
ardente
propúnhamos ser o que não éramos para
resistir à vida
vez por outra éramos apunhalados por
nossos medos
quebrávamos bússolas, rasgávamos mapas,
sujávamos lentes
havíamos atingido toda a inconstância
das coisas tidas como certas
e velas abertas singravam mares, bares,
ares e alhos e bugalhos
entendíamos que assim resistiríamos mais
ledo engano
depois de algum tempo nos reencontramos e
não falamos nada
mas havia em nossos olhares uma dor
que por não ter sentido algum
marcaria toda a nossa vida
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