Eu conheço esse olhar, nem te conto o conto que vejo
Atormentava meu corpo e alma quando não sabia dele
Deixei mensagens em garrafas e escritos em azulejos
As gaivotas eram minhas asas, meus caminhos e meu correio
Ah, encantadoramente eu a via sem vê-la
Pois sua imagem estava nos quadros, nas ruas, nas estrelas
Era um querer mais do que o tanto, mas a ausência ardia
Virava noites, escondia os dias, num calendário que só eu sabia
Nunca, de forma nenhuma esqueci esse olhar
Ele me acompanhava, momentos de tristezas ou de alegrias
Lá estava ele a me provocar, um brincar de esconde-esconde
E tudo era tão difícil, tão longe
E um dia, num fim de tarde encantado, sem que eu esperasse
Esse olhar bateu em minha porta sem dizer nada
E senti que ele já me via
Poucas palavras ditas.
E num silêncio gritante, desses silêncios falantes
Os olhares se beijaram, a aparentar que jamais ficaram distantes
Ah, eu conheço esse olhar agora, depois, o mesmo olhar de antes
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