domingo, 27 de setembro de 2020

Frases entre um café e outro


*Lá no meio do deserto mora uma única gota d’água...
Filha de uma chuva rara e de um poeta sereno.
É lá que os sonhadores matam a sede.
*Usava alvejante na alma e ninguém via a tristeza contida
*Ao ver o mar mergulho e sempre mergulharei.
Como ter sede de mar e não naufragar algumas vezes?
*Pela maçã do teu rosto
eu esqueceria qualquer paraíso
*A mudança começa em nós. É preciso desatar.
*O relógio está quebrado.
A carta não tem selo nem CEP.
A mensagem bebeu a garrafa.
*Que o simples vença o tão confuso.
Que seja importante me faltar um parafuso
para que eu possa enlouquecer em mim.
*Todo mundo tem escolha
A felicidade pode ser um estalo
Como quem dança num papel bolha
*Nada é exato. O resto da vida pode ser o próximo minuto ou os próximos cem anos...
*Quem ama não data.
*Nem mesmo o mar poderá te dizer por onde andei naufragando.
*Lembrança é ferrugem pelo arame da saudade...
*A flor da pele pode não ser rosa.
*O dia tropeça na tarde, mas quem cai é a noite".

Vida

 

a gente se atrapalha
a gente anda
a gente se alimenta
a gente trabalha
a gente inventa moda
a gente junta tralha
a gente ama
a gente arruma a cama
a gente acorda
a gente vai ao fundo
a gente faz que malha
a gente faz a mala
a gente data
a gente cala
a gente vive
a gente se mata
a gente se declara
a gente vai na marra
a gente cria raiz
a gente cria gato
a gente pede bis
a gente não tem vergonha
a gente faz uma vez só
a gente desenha
a gente sonha
a gente é professor
a gente é aprendiz
e o que a gente quer
é só ser feliz

 Sigamos... Olhares e andanças... Cirandas de lembranças... Acordes de ventos... Sentimentos, engenhos e moinhos... é PRECISO entender o movimento... d'alma, do coração e do tempo. Sigamos...


segunda-feira, 21 de setembro de 2020

 Hão de vir há braços

Em laços de presente

 A linha do meu coração 

usa um terno pelo avesso

e dança em bailes de lembranças 

que eu guardava em segredo.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

PRECISAMOS PRESTAR ATENÇÃO NA VIDA


Por desde cedo fazer poesia, ler muito, não gritar e tentar com todas as minhas forças “ajeitar as coisas” com diálogo, não fui levado muito a sério. Obviamente perdi muito no que se refere a bens materiais, mas tenham certeza que ganhei muito mais e tudo isso me fez mais harmônico diante da vida. Entendo que sentimento gera a vida, colore o dia a dia e principalmente, nos deixe tranquilos para que as passagens sejam momentos de reflexão e ensinamentos. Passamos um momento que palavras de ódio são palavras corriqueiras e normais... Chega. Basta. Se respeitarmos o próximo, tratarmos todos os seres vivos com respeito, carinho e igualdade, seremos os instrumentos da mudança que o mundo precisa... Sempre, e quem me conhece sabe, agi com carinho, gentileza, respeito e compreensão... Não sou perfeito, nem quero tal reconhecimento, pois somos frágeis, humanos e estamos aqui nesta vida para aprender. Já passei por coisas em minha vida e em algumas deixei de ganhar por ser honesto e sincero, noutras fui enganado por não querer concordar que essa ou aquela pessoa pudesse fazer isso ou aquilo, e muitas vezes fui avisado, mas mantive meu pensamento em acreditar e confiar. “ Vigiai e orai”, já disse um grande amigo.
Sei o que não quero, não quero essa “ venda” descarada de tudo, desde o sentimento até um olhar. Tenhamos consciência que não podemos reclamar quando convivemos com pessoas que se agigantam diante da fraqueza dos outros, diante da gentileza dos outros, e nos calamos ou nos omitimos. Respeitemos todos os gêneros, todas as ideologias, todos os credos, todos os times, rsrsrrs, todos os saberes e opiniões. É muito ódio em cada linha, em cada fato, em cada conversa, em cada grito. Respeito. Amor. Gentileza.
Sempre ouvi piadinhas: delicado o Edike, hum muito gentil este rapaz... além da falta de respeito entre linhas, perdi contratos por não reagir, perdi espaço por não dizer “ é meu este espaço”... mas ganhei muito amor, paz e carinho. Meus amigos que zoavam do meu jeito, quase todos perderam namoradas para mim, engraçado isso.. Deixa eu explicar esse texto: eu quero dizer que o mundo precisa ser gentil, precisa dialogar, precisa olhar a natureza como fundamental à nossa vida, que é preciso respeito e palavra... Tudo é tão já... Tudo tem tantos rótulos... Não precisamos matar o outro para vivermos bem.
Não vou mudar nem um tantinho o jeito que penso... Perderei ainda muitas coisas materiais, mas por certo ganharei muitas coisas que não tem preço... Um abraço leal dos meus pais e filhos, um beijo apaixonado da minha Marcia... Abraços da minha família e amigos... É um pequeno desabafo... Talvez alguns entenderão, outros nem lerão até o fim, outros dirão mais um texto... mas eu precisava dizer e isso é o que mais importa, falar o que se sente, falar na hora que ser quer...

a gente tem que olhar o agora
a gente tem que ver quem nos olha
a gente tem que rir
por que a hora do "vai embora" é rápida
a gente tem que prestar atenção na vida

Vamos aprender, vamos amar e que não nos falte gentileza...

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Engoliu a seco para lavar a alma...



Naufragou, logo a seguir respirou e ao levantar a cabeça avistou novas terras...
Acabei aprendendo com a cartografia o prazer de me perder, o prazer de desejar sempre a liberdade, seja qual forem os cursos d’água...
Vou bem entre minhas loucuras e as fotografias amareladas que ainda guardo.
Vejo o futuro com bons olhos e o amor parece que floresce, logo posso colhê-lo... quem saberá...?
Infinitamente eu me permito parar de vez em quando...
Nesse momento, aí eu ando...

sábado, 12 de setembro de 2020

 

O acaso dormiu

Todo o engano que houve foi por um motivo conhecido
pediram para ler apenas uma página
e eu acabei lendo todo o livro
descobri todas as tramas, todos os finais
quem ficou com quem e quem não veio
e assim os amantes que gostam tanto de acasos não verão o filme
(ah... o filme nunca é melhor do que o livro)

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A LUA



Eu guardava versos escritos em linhas
Onde viajam meus trens
Meus trens viajam para a lua
E a lua é de todo mundo
Mas pode ser de ninguém

Havia esquinas que guardavam palavras
E todo um querer distraído
Um sonho que ardia distante
No avesso de um céu colorido

Guardei um amor por tanto tempo
Nas viagens e segredos de trens
Meus trens viajam para a lua
E a lua é de todo mundo
Mas pode ser de ninguém

Hoje meus versos são lidos inteiros
Hoje minhas palavras tem muito mais cor
E meus trens de sonhos trilham nas estrelas
E agradecem a lua que guardou meu amor

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Mar

 

Minha alma está assim a permear o mar
que tenho dentro de mim
Vivo cada segundo e cada segundo é uma conquista
Não faço planos, não faço barulhos, não faço listas
Percorro prantos e cantos quase sem motivos ou por tantos
Uma solidão inquietante entrega-me
Arde um vento que ao mesmo tempo que leva me traz

 As parceiras


Bebem noites,mas adoram café da manhã...
Mastigam palavras poeticamente,
e cinicamente arrotam desaforos...
Conversam com anjos.
Passam os finais de semana no inferno.
Compram tapetes na feira livre.
Adoram tapetes voadores e persas...
Riem com cumplicidade e choram do mesmo modo.
Possuem palavras doces,
que transformam em cicatrizes outras palavras...
Mudam a sala a toda hora.
Fazem as malas a todo instante.
Adoram samambaias e cult movies.
São contraditórias,
mas nós amamos suas histórias...
E por paixão e risco nos entrelaçamos a elas...

(As parceiras não tem nexo. Nem sexo devem ter.
São línguas, do hiato ao plural. Muito de transbordar nada,
pouco de preencher tudo)

São assim as parceiras,
que muitas vezes nem primeiras são...
As parceiras são pele e flor.
Viver sem elas seria cômodo demais.

 


Fomes                                                                                                 

Era inevitável a queda
frente ao vazio que se fazia
era café sem bolacha, sem fatia
era fome o que o coração mostrava e dizia

Era inevitável o pranto
frente ao exposto
era lição sem cartilha
era um mar imenso sem nenhuma possível ilha

Era inevitável o fim
frente ao penúltimo capítulo que se escrevia
era final feliz sem nenhum par
era romance sem nenhuma poesia

 

Da flor da pele

A flor da pele
Rosa não deve ser
Minh’alma eu mesmo lavo
A rosa não brigou comigo
Aliás... eu nem sou o tal cravo

 Entre um café e outro


Nem mesmo o mar poderá te dizer por onde andei naufragando.

Enfim, fica tatuado um beijo no teu coração,
para te sentires beijada sempre...

Lembrança é ferrugem pelo arame da saudade...

Lugar é um grande pássaro que adora viajar, em bandos, em bares, em mares...

Acordei ontem ao lado de três reticências...

Não me venhas falar de falta de espaço, no mesmo momento em que olhas para o céu...

Quem inventou o frio não te conhecia...

O que o mar tem pra contar, ele canta.

 As desculpas


Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo...
Nunca entendi tantos dedos,
já que eu sabia do que se tratava...
Vez por outra deixavam somente recados,
avisavam que não mais voltariam
e, logo depois, voltavam...
E com elas chegavam outras palavras,
que eu não entendia muito bem seus significados...
Mas até aquele momento,
as desculpas não se importavam com o que eu poderia ter achado...
Algumas chegavam bêbadas,
outras chegavam sem avisar,
e outras tantas  não sabiam nem o que falar...
Nunca me preocupei em entendê-las,
mas entendia o que elas queriam mostrar,
assim ficava mais fácil conjugar o verbo desculpar...
E assim foi quando eu perdi meu par...
Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo,
que me ensinaram de um jeito especial

a verdadeira face do gostar...

 Caixinhas

Temos o medo guardado em caixinhas no quarto.
num quarto de hora,
num quarto de hotel,
num quarto de nunca mais,
num quarto de pão...
Temos o medo guardado em caixinhas no quarto...

 Um conto de sarda



Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina


Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina


A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...

Todos os beijos num beijo só

 

Eu tenho um beijo que me pulsa
Que dança com minh’alma
Que queima a minha lenha
Que abraça a minha febre
E ao mesmo tempo me acalma

Um beijo que sonha com a rua
Que entende a minha fonte
Que deságua sem ter medo
Que sabe que é preciso
Vez por outra naufragar

Eu tenho um beijo que me foge
Que também me encontra quando preciso
Que faz me perder e esquecer do juízo
Que manda recados nas folhas das samambaias
E vez por outra me faz abandonar

Esse beijo tem recheio de mel e frutas doces
Que me alimenta nos dias amargos
Que me dá receitas e me afasta das bulas
Que me traz um pedacinho céu
E me faz todo dia mais amar

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Preparações



Parto cedo, madruga
se não for verdade, não aluga
pra desarmar , beijo na nuca
pra não passar frio nem medo
café com broa e cuca

parto agora, nascimento
aproveite o hoje, abrace o momento
teu companheiro é o tempo
se te chamarem de pandorga
case com o vento

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Coisas de domingo, de lembranças e de levas

Tentaram me levar tudo, insistiram em me levar tudo, juntaram forças para me levar tudo, mas não levaram minhas boas risadas, não levaram a presença dos bons amigos, não levaram a vontade de dançar, não levaram o desejo do banho de chuva, não levaram o café da tarde com broas e sonhos, não levaram a marisqueira com Fanta laranja, não levaram o mar no quintal de casa... pois tudo isso eu guardei no meu coração e no meu coração só entra quem eu quero.