domingo, 23 de setembro de 2018




Crônicas de um mundo bem contemporâneo 

(dedicada à Marcia Carneiro, amicíssima de Quirina e de Dolores)


Ensaiou uma crônica
deixou um bilhete
pediu gim
implorou uma tônica
ensaiou a bula
escondeu a receita
Quirina é louca
mas aproveita
o sol acorda
a lua deita
a vida é simples
e se ajeita

sábado, 8 de setembro de 2018




Desejo

Se não posso sentir
mais do que tu me permites
ainda assim sigo sentindo
tudo aquilo que não sentes
e, quando feres os meus olhos
com teus limites,
correm em minhas veias
desejos repentes
Ao contrário do que vês,
não sou tão pura,
pois minha boca
solta uma mulher ardente
enquanto crês que me tens,
sou vã procura
embora aches que sou completa,
vejo-me doente...
Ao passo que vives encanto,
sou tortura
e, quando vivo em brasa,
és decente
O que faço por amor
chamo loucura
Talvez, por isso,
eu seja inocente...

domingo, 2 de setembro de 2018





Para Leminski III

A chuva bate na porta.
Assim, o náufrago aporta.

Para Leminski IV

O mar adormece num segundo.
No outro acorda o mundo.

Para Leminski e para Betty Blue

O corte que vem d’alma.
Foi tatuagem de um grande amor.
Cortar é um ato de libertação
A paixão é poda.


sábado, 1 de setembro de 2018





O amor
O amor deve fazer sorrir.
Arreganhar os dentes.
Dar gargalhadas.
Chorar de tanto rir.
O amor deve ser assim.
Um sorriso no rosto.
Um amor no coração.
E não venham me falar.
Que amor precisa de decoração.
O amor vive em si.
O amor é por si só.
O amor não quer dó.
O amor quer só ser.