quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Origami

Dobraduras do tempo.
Harmonia.
Calma.
Concentração.
A vida é assim.
Dobras com cuidado.
Dobras com carinho.
Dobras com cautela.
Dobras com exatidão.
Dobraduras do tempo.
De repente a imagem, o fato, a construção.
Meu coração origami reinventa-se e “se” dobra.
Feitio

As linhas que beiram os cobertores
sabem e já moraram no frio
por isso cosem com atenção
atentam bem aos pontos
julgam ser alma tudo que seja coração
nas noites de muito frio
o que vale mais é a lembrança do feitio
Eu faço poesia, 
talvez não faça nada melhor do que isso... 
me compreendam, 
me perdoem: eu faço poesia...

domingo, 24 de novembro de 2019

Quero a paz do meu ninho, 
pois as asas que me amam
não me deixam em desalinho...

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Saudalejar

Seu nome saudade
Menina de seios rijos
Pouco ou nada de juízo
Cheiro de leite
Sabor de flor

Seu nome amor
Menino de dentes livres
Brancos que um dia eu tive
Cor de mar
Imensidão de grão

Seu nome paixão
Mulher de lábios fatais
Afã de talvez, clã de jamais
Música de cor
Verbo “saudalejar”
Na roda viva que roda a vida, 
entre chegadas e partidas
mora o incondicional
amor sincero...
Conversas

Ainda assim, acredito em minha varanda, em minha rede, em minha poesia... acredito que tudo é simples demais e complicamos tudo. Ainda assim, acredito em andar de mãos dadas, em dormir de conchinha e outras posições de encaixes. Ainda assim, sigo a buscar, a "me" perder, a "me" encontrar e, tenham certeza que o tempo passa rápido
demais e precisamos aproveitá-lo com muito amor, em todos os sentidos. Ainda assim, continuo a passear na praia, a escutar as gaivotas e a todo o momento resgatar o menino que mora dentro de mim. Às vezes me pergunto se estou no mundo certo. A resposta vem rápida: com certeza, não.
Luas

Repartiram os traumas, juntaram as camas, as coxas, as crises.
Alugaram uma quitinete.
Compraram fogão, geladeira e uma garrafa de vinho branco.
Trocaram olhares maliciosos, penduraram um quadro, contaram até quatro.
Ah! Era quarta.
Beijaram-se muito, muito mesmo.
Perderam o ar, os sentidos e uma pulseira que ela ganhou da tia.
Juraram amor eterno.
Ele, vestiu seu único terno.
E foi tentar, tentar, tentar.
Já era quinta, sexta, sábado, domingo, segunda, terça, quarta de novo...
Colcha de retalhos

Meus amores estão nas entrelinhas de minha poesia
estão cobertos de rimas
estão encobertos por uma poeira fina de nome paixão
juntei tecidos tantos por tantos anos
tecidos suaves, finos, retalhos diversos e seda e chita
costurei uma colcha quente de lembranças
para acalmar meus invernos
Estamos num tempo 
que qualquer fagulha 
é luz...

quarta-feira, 13 de novembro de 2019


Leituras de Florbela

Encanta-me tua ausência
Para que assim eu possa falar
De todo o meu amor...

Longe de ti meu coração a todo instante padece
Mais parece um amontoado de carne
A deitar-se sobre a dor

Espinhos de sentimentos controversos
Tais sonetos de Florbela
Rasgos a dilacerar meu peito

Que sobrepõe ao próprio medo de te perder 
Por teres asas
Muito além das janelas

Assim sigo a buscar tua presença
Mesmo que teu corpo aqui não esteja
Mesmo que o vazio teime a preencher a vida

Onde a solidão escancaradamente "me" habita
E por ter uma febre assim tão louca
Minha compreensão do amor lateja