quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018


Pequena canção para entender a lágrima

Imagino a lágrima tal a vertente de um rio.
Insinuo que existem correntezas e calmarias no curso.
Minhas tristezas e minhas alegrias são meu leito.
Entendo o pranto como fosse um deserto a inundar o mar...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018


Um conto de sarda

Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina

Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina

A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...



segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018


Quando a exatidão descobre que a surpresa é fundamental

Baldes de mares teimam em encher dedais
Assim esquecemos os beijos no meio da tarde
Das cartas redigidas a mão

É preciso surpreender
O amor necessita de arrepios e friozinhos na barriga
Amor não tem botão de liga e desliga

Botões que valem de verdade
São os que deliciosamente abrimos para sentir o corpo amado




domingo, 25 de fevereiro de 2018


Línguas

Eu já nem sei o que meu querer quer me dizer
Talvez esteja mais confuso do que eu
Talvez não entenda que para esquecer
É preciso explicar o que aconteceu

Ao passo que os quereres têm “quês”
E que eles não falam uma mesma língua
O teu querer fala por sinais
E o meu fala somente português

Preciso assim que reflitas e sintas
Que a vida precisa tanto de bem querer
E que o amor pode nascer
Na invenção de uma outra língua


sábado, 24 de fevereiro de 2018

Arte : Alemão - Torres - RS



Um conto de sarda

Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina

Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina

A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...

Arte: By Carol Salles





sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018


Felicidade

Sejamos inteiros para dizer que somos pedaços
Que nossos nós
Dias são abraços
Dias são laços
Dias são sós
E por tantos emaranhados
Sejamos amados
Pelo que somos
E que se deguste a vida em gomos
Para que nossa sede não seja em vão
Que o que fique da gente
Seja luz em algum lugar e que ilumine
A imensidão e também o grão e o luar

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018



Vergo, mas não quebro
Balanço, não caio
Se não concordo não ralho, escuto
Amor é meu discurso
Não desisto

Sempre  

Sempre é uma chuva que não cai sempre
molha aos poucos e desaparece sem aviso
Sempre é um caminho que não está no mapa
e anda aos poucos e desaparece na estrada
Sempre é um menino de nome Acaso
que beija sempre a menina de nome Talvez





A vida não é lenta
Fecha-se os olhos
Trinta
De repente cinquenta

É preciso coragem
Para entender
Toda a paisagem
Toda a passagem

É preciso entendimento
Amor é alimento
É preciso entender as calmarias
E respeitar também as forças do vento

A vida, pois, é breve
E breve também é muito tempo
Aproveite cada momento
Como fosse uma lição, um ensinamento

(Vigiai tuas ações,
encoraje teus receios
por que na verdade
somos passageiros
e é preciso viajar sem medo)

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Augusto não era tão anjo assim. 
Não entendo até hoje seu plural.


Tenhamos exatidão que tantas vidas passarão
E que é preciso aprender com cada uma delas
Com os acertos, com os erros
Com a alma e com o coração
Pois caminhos nascem pelo descobrir das janelas



sábado, 17 de fevereiro de 2018


As parceiras

Bebem noites, mas adoram café da manhã...
Mastigam palavras poeticamente,
e cinicamente arrotam desaforos...
Conversam com anjos.
Passam os finais de semana no inferno.

Compram tapetes na feira livre.
Adoram tapetes voadores e persas...
Riem com cumplicidade e choram do mesmo modo.
Possuem palavras doces,
que transformam em cicatrizes outras palavras...
Mudam a sala a toda hora.
Fazem as malas a todo instante.
Adoram samambaias e cult movies.
São contraditórias,
mas nós amamos suas histórias...
E por paixão e risco nos entrelaçamos a elas...

(As parceiras não tem nexo. Nem sexo devem ter.
São línguas, do hiato ao plural. Muito de transbordar nada,
pouco de preencher tudo)

São assim as parceiras,
que muitas vezes nem primeiras são...
As parceiras são pele e flor.
Viver sem elas seria cômodo demais.



segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Existe algo no ar
Que a Globo não diz
Está nas entrelinhas 
Nas lições dos escravos
Na dança, na avenida
Resgate da vida
Sempre é tempo de ser feliz
Caminhos encantados do acaso

A mágica sensação do ver sem nunca ter avistado.
O delirante sujeito que nunca faz parte da frase.
Atenha-se aos detalhes, ao acaso.
De vez em quando provoque-se,
como forma encantada de provar que a vida corre por suas veias...

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Aparências

O dia tropeça na tarde, 
mas quem cai é a noite



O dia tropeça na tarde, 
mas quem cai é a noite.
Dias

A fogueira não tem eira nem beira e não arde...
nem o punhal que deveria ferir faz alarde...
tem dias que a dor vem da calmaria... 
as vezes o momento exato é tarde...
é salutar comer no jantar, alquimia...
Assim

Que desatino de vida, que maçaroca doida e doída, que vai assim, feito punhal, a desbravar o meu peito. Esse peso nas costas, essa luta para defender o que é de direito.

Que o amor seja a costura, chuleio de colchas que nos abrigarão de noites frias, um canto de tanto tempo a trilhar nossos momentos, essa luta de fazer o que precisa ser feito.

Procure o abraço antes do grito, procure o amigo antes do medo, entenda que como está esse mundo, só o mar do entendimento te fará navegar, essa luta para mostrar que as velas precisam de mar.


Luas

Repartiram os traumas, juntaram as camas, as coxas, as crises.
Alugaram uma quitinete.
Compraram fogão, geladeira e uma garrafa de vinho branco.
Trocaram olhares maliciosos, penduraram um quadro, contaram até quatro.
Ah! Era quarta.
Beijaram-se muito, muito mesmo.
Perderam o ar, os sentidos e uma pulseira que ela ganhou da tia.
Juraram amor eterno.
Ele, vestiu seu único terno.
E foi tentar, tentar, tentar.
Já era quinta, sexta, sábado, domingo, segunda, terça, quarta de novo...

Seca

Que chuva tamanha que beija a seca,
A minha seca boca.
Chuva que molha as roupas do passado
E dá febre.
Uma febre tamanha que queima a seca,
A minha seca boca.
Uma sensatez louca.
A previsão é que a chuva tamanha não pare,
Então, que encharque.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Cons

Consciência tranquila da paz é filha.
Sigo, pois...