O acaso brinca
de rima
Cabe-me, por encaixe, o olhar inteiro
das bocas do acaso
Afasto-me quando, ao meu encalço, andam
apressadas bocas métricas
Mergulho em luas claras e transparentes
como se o medo fosse o raso
E não venham me dizer que almas são
armadilhas bélicas
Atento aos relatos escuto a inconstante
passagem do pensamento até o ato
Transformo-me num silêncio de lápide
quando um grito quer ser mais forte do que o fato
Fatias inteiras de um bolo de chocolate
do apartamento ao lado invadem pratos de uma favela
E, não venham me dizer, que corações
sejam sempre as melhores janelas
Cabe-me a leveza da escrita para deixar
dito o que tanto me aflige e alucina meu entender
Levado muitas vezes pelo interminável
duelo daquilo do que se mais quer,
com a razão burra de que não se precisa
querer
Lanço-me aos poucos, aproveitando-me de
noites escuras,
para escrever poesias em muros que
rodeiam almas tão vazias
E não me venham dizer que estou só,
louco e o que entendo por felicidade sejam páginas de crônicas fictícias e
fugidias...