quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

 Eu conheço esse olhar, nem te conto o conto que vejo

Atormentava meu corpo e alma quando não sabia dele

Deixei mensagens em garrafas e escritos em azulejos

As gaivotas eram minhas asas, meus caminhos e meu correio

Ah, encantadoramente eu a via sem vê-la

Pois sua imagem estava nos quadros, nas ruas, nas estrelas

Era um querer mais do que o tanto, mas a ausência ardia

Virava noites, escondia os dias, num calendário que só eu sabia

Nunca, de forma nenhuma, esqueci esse olhar

Ele me acompanhava, momentos de tristezas ou de alegrias

Lá estava ele a me provocar, um brincar de esconde-esconde

E tudo era tão difícil, tão longe

E um dia, num fim de tarde encantado, sem que eu esperasse

Esse olhar bateu em minha porta sem dizer nada

E senti que ele já me via

Poucas palavras ditas.

E num silêncio gritante, desses silêncios falantes

Os olhares se beijaram, a aparentar que jamais ficaram distantes

Ah, eu conheço esse olhar agora, depois, o mesmo olhar de antes

sábado, 6 de fevereiro de 2021

 


Até a página dois

Tudo pode

Tem um livro pela frente

Um pular páginas esquisito

Para não ler

O que deveria ser lido

Entender que ao chegar

Ao fim do livro

Se pode ler de novo

O amor são leituras, releituras

Abrir e fechar uma história

Depende das asas do leitor

E talvez nas notas de rodapé

Se esconde um grande amor

 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

 

... Em teu coração moram respostas que nem sabes

 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

 A saudade

 

Saudade é um canto quieto, emocionante, tocado, inquieto
Uma casa sem teto que não deixa o sereno cair
Uma calçada sem lado que beija o jardim
Uma estrela cadente que docemente nunca cai
Um imenso vazio repleto de tudo envolvido
Um tempo surgido por querer sempre querido
Que deixa no canto do quarto um eterno ai

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Alimento

 

Minha boca

gosta do

gosto da

tua...

 

Em todos os sentidos

Em todos os gemidos

 

Minha boca

gosta do

gosto da

tua...

 

Em todos os lugares

Em todos os luares...

 

Minha boca

gosta do

gosto da

tua...

 

Inspirações

 


Toda vez que me permitia

Recorrer ao que não sabia

Brilhava os olhos do acaso

Iluminando meus dias!

 

Manuel dava bandeira

Para uma musa Cecília

Toda vez que se permitia

Recorrer ao que não sabia!

 

Que seriam dos anjos de Augusto

E das pessoas de Fernando

Se todas as palavras da boca

Passassem no mundo voando?

 

Toda vez que me permitia

Recorrer ao que não sabia

Quintana conversava na varanda

Iluminando meus dias!

 

FEBRE

 

 

Uma sensação sem cor me atravessa.

Embora não fale, não cala.

Invariavelmente estanca cada passo meu.

Um punhal que fere a própria ferida.

Um jogo onde a dor supostamente venceu,

Sem que a existência se desse por vencida,

Ficando exposto aquilo que o poeta ainda não escreveu...

Assim fica entendido o mágico encanto dessa vida.

A vida é uma longa febre.

 

Um verso de pé quebrado


Um verso de pé quebrado deixa recados no gesso.
Ninguém passa nesse mundo,
falando de amor e saindo ileso...

Um verso de pé quebrado demora um pouco mais para chegar.
Mas rima luares com ondas e mares,
e canta como quem se encanta em cantar...

Benção de mar, águas da poesia, 

que o Criador nos proteja, 

nos dê amor, 

esperança e harmonia. 

Sigamos em frente.