A vida não é
lenta.
Fecha-se os olhos, trinta.
De repente, cinquenta,
sessenta .
É preciso coragem para
entender o tempo.
A vida não é
lenta.
Fecha-se os olhos, trinta.
De repente, cinquenta,
sessenta .
É preciso coragem para
entender o tempo.
O que vale é o sorriso que ficou n`alma... Àquele que a gente lembra e sempre sorri de novo...
O que vale é àquele ombro amigo de todas as horas e fases...
Minha vida está feliz por ter tanta gente de bem que gosta de mim...
As
melancias se ajeitam no balanço da carroça, dizia minha avó Maria e ela estava
certa demais...
Que correria doida e doída é essa?
Uma loucura desenfreada para ter
E vem o vento e leva
E vem a água e leva
E vem um vírus e leva
E vem o tempo e leva
E vem a idade e leva
E vem a tristeza e leva
E vem a morte e leva
Abro meu Quintana e um seco chileno tinto, escuto Elis, faço carinho em minhas gatas, escrevo meus rabiscos, um cheiro de terra molhada toma conta da casa... um momento de gratidão e desejo de paz e harmonia... acredito mesmo que gentileza gera gentileza, e energia boa gera energia boa... Foi um ano muito difícil, como já fora 2019, mas continuo a acreditar nas mesmas coisas que acredito por décadas... Passei e passo a solucionar problemas, sempre me coloco na posição do outro e vejo que sou privilegiado. Gratidão é a palavra que me abraça agora.
Agradeço aos amigos fiéis, aos
amores verdadeiros e aos beijos sem data e surpreendentes. Assim sigo, pois
logo ali na esquina o acaso vem e leva e precisamos estar preparados. Estamos
numa longa viagem e acredite a vida precisa de sentido e sentimentos. Fica meu
abraço tatuado nos corações de quem me lê. É maravilhoso saber que minhas
linhas fazem bem a tantas pessoas. Sinto-me realizado com isso. Que o ano novo nos
traga liberdade, amor pleno e sabedoria.
Um
terno de linho branco,
uma
colcha de ternura,
um
baile em noite clara,
uma
lua no Campeche,
quem
guarda não perde.
A confusão ardia
noites
quentes
ventos
de calmaria
mormaços
de Joanas e Marias
bêbadas
madrugadas sem fatias
tempo
do presente não tão perfeito
olhares
sem garantias
orações
sem leitos
saudade
tatuada em folhas de samambaias
É meu cansaço que me ergue
no
exato momento em que me falta o ar
mesmo
que minhas pernas se neguem
meu
desejo me faz andar
Estanca
de repente também meus ais
nenhuma
palavra, nenhum gemido, nenhum gosto
minhas
dores aportam em meu cais
engulo
a seco e disfarço as lágrimas em meu rosto
Às
vezes para seguir é preciso conviver com a dor
um
espinho no pensamento, um punhal preso ao peito
uma
luta incessante da escuridão com a cor
como
se houvesse pregos em toda cama que deito
Meus amores estão nas entrelinhas de minha poesia
estão
cobertos de rimas
estão
encobertos por uma poeira fina de nome paixão
juntei
tecidos tantos por tantos anos
tecidos
suaves, finos, retalhos diversos e seda e chita
costurei
uma colcha quente de lembranças
para
acalmar meus invernos
A
minha meia é quentinha, e ao mesmo tempo que me aquece me dá um friozinho na
barriga. Encaixa direitinho, mesmo com alguns furinhos que a vida ensina, é amante,
parceira e amiga. Não vivo sem minha meia... Muito mais do que meia e mais do
que meia metade, é tudo e tanto, é deliciosamente inteira para o meu coração.
Nada agora pode causar surpresa
a
não ser àquele velho menino
que
entende que seu "carrinho de lomba"
o
levará para qualquer lugar...
Declaração de
amor rasgado
Rasgou
minhas cartas,
rasgou
minhas fotos,
rasgou
meus livros,
e,
por último,
rasgou
as próprias roupas,
e
fizemos amor na sala...
Vou
aproveitar a chuva para lavar a alma,
para
disfarçar a lágrima,
para
limpar o poço...
Vou
aproveitar a chuva para lavar o sábado,
para
disfarçar a seca,
para
limpar "o posso”...
Vou
aproveitar a chuva para lavar a terra,
para
disfarçar a vodca,
para
limpar “o nosso”...
Vou
aproveitar a chuva para lavar o quintal,
para
disfarçar o mar,
para
limpar “o bom moço”...
Vou
aproveitar a chuva para lavar as mãos,
para
disfarçar o tempo,
para
limpar a vidraça...
A
linha do meu coração usa um terno pelo avesso
e
dança em bailes de lembranças que eu guardava em segredo.
Um
verso de pé quebrado deixa recados no gesso.
Ninguém
passa nesse mundo,
falando
de amor e saindo ileso...
Um
verso de pé quebrado demora um pouco mais para chegar.
Mas
rima luares com ondas e mares,
e
canta como quem se encanta em cantar...
A
chuva era uma moça fina.
Cheiro
de leite. Flor da idade.
E,
com seu jeito de menina, não sabia que no fundo,
poderia
ser uma tempestade.
O
sol imaginava-se sempre repleto.
Pelo
seu brilho não temia nada.
Achava-se
o mais belo, o mais completo.
Chorou,
quando conheceu a madrugada.
A
lua, mulher de olhos ardentes,
emoldurada
por estrelas,
procurava
entre tantas lentes,
alguém
que desejasse realmente tê-la.
O
mar era um velho pescador,
com
tesouros escondidos n’areia...
Diz
que nunca conheceu o amor,
vive
nas esquinas entre sereias...
Toda vez que me permitia
Recorrer
ao que não sabia
Brilhava
os olhos do acaso
Iluminando
meus dias!
Manuel
dava bandeira
Para
uma musa Cecília
Toda
vez que se permitia
Recorrer
ao que não sabia!
Que
seriam dos anjos de Augusto
E
das pessoas de Fernando
Se
todas as palavras da boca
Passassem
no mundo voando?
Toda
vez que me permitia
Recorrer
ao que não sabia
Quintana
conversava na varanda
Iluminando
meus dias!
O meu corpo veste roupas novas,
minha alma rejeita.
não acolhe.
ela quer o velho cachecol do tempo
que aquece minhas velhas poesias.
Minha boca
gosta
do
gosto
da
tua...
Em
todos os sentidos
Em
todos os gemidos
Minha
boca
gosta
do
gosto
da
tua...
Em
todos os lugares
Em
todos os luares...
Minha
boca
gosta
do
gosto
da
tua...
Toma
café,
toma
vergonha,
toma
ônibus,
toma
banho,
toma
jeito,
toma
cachaça...
E
quando quiseres...
Toma
meu coração.
Baldes
de mares teimam em encher dedais
Assim
esquecemos os beijos no meio da tarde
Das
cartas redigidas a mão
É
preciso surpreender
O
amor necessita de arrepios e friozinhos na barriga
Amor
não tem botão de liga e desliga
Botões
que valem de verdade
São
os que deliciosamente abrimos para sentir o corpo amado
Que chuva tamanha que beija a seca,
A minha seca boca.
Chuva que molha as roupas do passado
E dá febre.
Uma febre tamanha que queima a seca,
A minha seca boca.
Uma sensatez louca.
A previsão é que a chuva tamanha não
pare,
Então, que encharque.
Precisamos nos perder mais.
Os dias de tempestade e a falta de
bússola, na maioria das vezes, nos ensinam caminhos, não que eles sejam os
melhores caminhos, mas precisamos passar por eles para aprender. E aprender não
é acertar tudo, ou não errar, muito pelo contrário. Envolva-se com os detalhes,
com o simples, gotas são também partes do oceano.
Vamos nos perder para nos achar e se
mesmo assim continuarmos perdidos vamos tentar. O ódio virou jeito de viver, e
o que dá jeito para tudo é amar.
Minhas palavras, tantas vezes, não
conseguem chegar onde quero e não tenho certeza que são compreendidas. Sigo a
tentar, e me despedaçar, a me juntar, a me reerguer... assim procuro dentro de
minhas loucuras a coerência utópica de querer se achar...
Amigo, precisamos nos perder mais.
Que tantos “morreres” cabem em mim
Pude assim conhecer todos os meus “ressuscitares”
Junto a eles meus “acordares”
despertaram
Minhas manhãs
Meus “quereres”
E pude sentir o quanto sou forte
E quantos mares me habitam
Nenhuma morte calará minhas palavras
Nenhuma morte cessará o meu amor
Morte alguma há de fazer meus
sentimentos ruírem
Que tantos “morreres” cabem em mim
E eu aqui Fênix e minhas cinzas a
deixar recados nos muros
Para desespero dos que tentam minhas
mortes
E morrem de medo de minhas poesias
Os “viveres” são versos, são asas
Minhas casas da alma são “eternizares’
Cresci
numa linda cidade chamada Torres e comia goiaba e outras tantas frutas no pé
Jogava
taco em frente de casa e andava de carrinho de lomba final de tarde
Hoje vejo
que todo mundo vê todo mundo pelo computador e celular
Queria
tanto reencontrar o meu lugar
Mas
Torres já não é mais a mesma, nem as goiabas, nem o jogo de taco, nem o
carrinho de lomba
Restam
sombras, sombras diferentes
Por que
nem o sol é o mesmo
Precisamos
resgatar o simples, senão não teremos histórias para contar
Bom dia com poesia e café e
bolacha Maria
Tempos de broas, ki-sucos,
bergamotas e pão de quarto
Tantas lembranças contidas,
empoeiradas pelo tempo
U’a música na eletrola, pescaria,
Hanna-Barbera
e um bom jogo de taco
Uma dor que não cessa, dia a dia, dor a dor, um rasgo dilacera
Falta ar e antes disso faltou amor e
atenção
Falta mar e antes disso faltou cor e
embarcação
Falta solidariedade e antes disso
faltou abraço e primavera
Que dor é essa que não passa
Falta pão, mas é o ódio quem nos assa
Uma dor que não cessa
A tristeza invade como se tomasse posse
O chão e os corações áridos
Que chova e vente
e que leve essas nuvens e pessoas
pesadas para bem longe
O tempo sempre me foi um aliado
O tempo esclarece
O tempo descobre a verdade
O tempo simplifica as coisas
O tempo de estar perdido
Também é um achado
O tempo me deu rugas
E elas são minha vida desenhada
O tempo sempre me foi uma lição
Foi meu guia e meu professor
O tempo disse: escuta teu coração
Pois nele também mora tua razão
O tempo de provocar o tempo
É um vento que mora em minh’alma
Àquela pandorga da infância
Que lá de cima me dava calma
Mas o tempo também é cerol
Que deixa a pandorga solta no ar
Se for tua a sonhada pandorga
Tenha certeza que um dia ela irá voltar
Mas o tempo também voa
É preciso buscar a claridade
Ser coerente nos atos
E não deixar para amanhã a vontade
O tempo sempre me foi um aliado
E de bom grado aprendi a entendê-lo
Fiz dele um manto para me proteger
Até hoje guardo com carinho cada novelo
Por isso quando me perguntam
Quem é esse tal de tempo
Respondo com um sorriso aberto
Ele é um menino sincero, mas muito amigo
do vento
a gente se atrapalha
a
gente anda
a
gente se alimenta
a
gente trabalha
a
gente inventa moda
a
gente junta tralha
a
gente ama
a
gente arruma a cama
a
gente acorda
a
gente vai ao fundo
a
gente faz que malha
a
gente faz a mala
a
gente data
a
gente cala
a
gente vive
a
gente se mata
a
gente se declara
a
gente vai na marra
a
gente cria raiz
a
gente cria gato
a
gente pede bis
a
gente não tem vergonha
a
gente faz uma vez só
a
gente desenha
a
gente sonha
a
gente é professor
a
gente é aprendiz
e
o que a gente quer
é
só ser feliz
Eu tenho muitas memórias que eu ainda não vivi... Desejos e sonhos misturados num liquidificador que chamamos tempo.
Sejamos sensatos... quando não encontrarmos razão tenhamos compreensão e com zelo e tato peçamos perdão... Então, o que quero dizer, entender é fruto de muito amor...
Entendimento
Todo o entendimento
necessita de tormento, de vento, de transformação.
Todo o entendimento
necessita de lamento, de tempo, de interpretação,
Todo entendimento
necessita de perdas, de tristezas, de inquietação.
Entender
é um barco que parte e precisa conhecer todos os segredos do mar.
Demora um
pouco esse navegar, mas depois... águas claras, como se fossem espelhos da
felicidade.
Vou
aproveitar a chuva para lavar a alma,
para
disfarçar a lágrima,
para
limpar o poço...
Vou
aproveitar a chuva para lavar o sábado,
para
disfarçar a seca,
para
limpar "o posso”...
Vou
aproveitar a chuva para lavar a terra,
para
disfarçar a vodca,
para
limpar “o nosso”...
Vou
aproveitar a chuva para lavar o quintal,
para
disfarçar o mar,
para
limpar “o bom moço”...
Vou
aproveitar a chuva para lavar as mãos,
para
disfarçar o tempo,
para
limpar a vidraça...
Rasgou
minhas cartas,
rasgou
minhas fotos,
rasgou
meus livros,
e,
por último,
rasgou
as próprias roupas,
e
fizemos amor na sala...
Dobraduras
do tempo.
Harmonia.
Calma.
Concentração.
A
vida é assim.
Dobras
com cuidado.
Dobras
com carinho.
Dobras
com cautela.
Dobras
com exatidão.
Dobraduras
do tempo.
De
repente a imagem, o fato, a construção.
Meu
coração origami reinventa-se e “se” dobra.
Tua
boca encharcada.
Teu
corpo coberto de gemidos bons.
Correntezas
que me fazem chegar aos teus poros.
Coro
de uma noite silenciosa,
“Gritando-nos
por dentro”
Tua
imagem me dá fome, sede.
E
só tua imagem e corpo para saciar o tudo.
O
prazer percorre nossas veias.
Invade
minha poesia.
Alucina
minhas aldeias.
Tua
química brinca com minha alquimia.
Beijo
coberto de oitavas intensões.
Gemidos
feito canções.
Corpos
costurados com linhas.
Gozo
nos fazendo voar.
Quero
morrer junto ao teu ventre.
Uma
lente feito um espelho convexo,
Que
transforma o mundo e aumenta meu desejo.
Teu
corpo me fala “entre”.
Teu
corpo me deixa sem nexo.
Minha
língua encharcada navega em tua boca.
O
amor é um inferno no céu
Um
inverno sem roupas quentes.
Um
terno de linho sem noiva.
Luares
de noites ardentes,
São
mares com ondas constantes.
Nenhuma
igual como a de antes.
E
tão exato que é de repente,
Alguma
coisa passante