domingo, 30 de dezembro de 2018


Vida é hoje, 
amar é já, 
o querer é agora


Eu rio muito contigo... 
Chego a ser mar...

sábado, 29 de dezembro de 2018



AMOR TEM QUE FAZER SORRIR

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018


Autobiografia

Não é meu choro que chora
É a minha vida que agora sorri
Quis partir, quis ir embora
Mas o meu agora sempre foi aqui

Minh’alma é clara e transparente
Se voei demais foi por intenção
E quem não entendeu esses voos
Foi porque não entendeu meu coração

Sempre fui muito feliz
Porque aprendi que a vida é emoção
Não troco abraço de amigo por nada
Não troco beijo da mulher amada
O que errei foi com muita convicção


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018


O tanto quanto é tenso
O momento imenso dura um segundo
E parece que tece o mundo
Um lenço entra em cena e acena
Um ranço que mora escondido
Dentro de um livro que nunca fora lido
Desbota pela falta do beijo sentido
Uma frase sem aviso que surta
Inunda um silêncio que “me” habita

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Somos mergulho
Quando queremos entender
O que se passa realmente
Arriscamos a pele e a flor
Arrepiamos os pelos e os paras
Fortalecemos o corpo e a couraça
É preciso mergulhar sem precisão
Com coragem e com muito amor


A vela costura e borda
E singra mares
Assim como quem corta um retalho
Um terno de bom feitio e de boas lembranças
Faz com que naveguemos
E que tenhamos boas vestes para nossa alma
Cuide bem de suas linhas




Têm dias que vento é beijo
Têm dias que vento é distância
Têm dias que vento é vou
Têm dias que vento é vem
Têm dias que vento
só me faz faltar o ar



Garoa também é lágrima
Molha e até encharca
É preciso entender das águas
Para falar de navegações, de voos e de dores




Almas bonitas são borboletas
Entendam todas as fases
que elas passam

quarta-feira, 21 de novembro de 2018




O que me faz sonhar
é o que me acorda




Orquídeas

Parou por onde minha cor?
Faz frio.
E a minha colcha de retalhos com fiz com o tempo, sumiu.
Nasceram orquídeas no jardim e isso “me” floriu.
Acredito em jardins e nas surpresas que eles nos proporcionam.
Tenho certeza que nossa vida são estações,
As vezes quentes, as vezes frias, as vezes calmas, as vezes folhas no chão, as vezes flores ou espinhos...
Mas não se assuste com as tormentas de verão, os mormaços de agosto, as primaveras com flores no chão e outonos loucos de paixão.
Parou onde minha cor?
Eu sei.
Está a arquitetar... rabiscar... brincar de aquarela.
Têm dias de tantas portas que é preciso deixar descansar as janelas.
Têm dias de tantas esquinas que é preciso esquecer um pouco das calçadas e das cadeiras na rua.
Nasceram orquídeas no jardim, não existe notícia melhor nesse momento.



terça-feira, 20 de novembro de 2018


Passageiros

Que solidão é essa?
O tempo passou e veio a incompreensão
Será que o que era para ser feito já o foi?
Será que o espaço que eu tinha já não tenho
ou não cabe mais nada nele?
Será que meus nós foram desfeitos
ou de tão apertados já não se mexem?

sábado, 17 de novembro de 2018



Eu tinha mais cabelos e menos peso
Eu tinha mais vontade e menos paciência
Eu tinha menos controle e mais audácia
Eu tinha mais sonhos e menos realidade
Mas o que tive e tenho foi verdade
Com mais ou menos intensidade
O que trago junto a minha certeza
É que sempre busquei a felicidade
E o leme é meu
Se não fiz tudo certo
Eu fiz de coração


Seca

Que chuva tamanha que beija a seca,
A minha seca boca.
Chuva que molha as roupas do passado
E dá febre.
Uma febre tamanha que queima a seca,
A minha seca boca.
Uma sensatez louca.
A previsão é que a chuva tamanha não pare,
Então, que encharque.


Espumas
                                                                                                             
Vejo a tristeza que se espelha.
Ao ver minh‘alma que parte.
Felicidade é um fogo de palha.
Que queima, que provoca, que arde.

Mora comigo um hiato que teima em provocar.
Um abraço de esquina que não se esquece.
Vez por outra vens feito onda de mar.
Quebra, insinua e desaparece.




Línguas

Eu já nem sei o que meu querer quer me dizer
Talvez esteja mais confuso do que eu
Talvez não entenda que para esquecer
É preciso explicar o que aconteceu

Ao passo que os quereres têm “quês”
E que eles não falam uma mesma língua
O teu querer fala por sinais
E o meu fala somente português

Preciso assim que reflitas e sintas
Que a vida precisa tanto de bem querer
E que o amor pode nascer
Na invenção de uma outra língua



Origami

Dobraduras do tempo.
Harmonia.
Calma.
Concentração.
A vida é assim.
Dobras com cuidado.
Dobras com carinho.
Dobras com cautela.
Dobras com exatidão.
Dobraduras do tempo.
De repente a imagem, o fato, a construção.
Meu coração origami reinventa-se e “se” dobra.
Aparências

A tarde tropeça no dia
Mas quem cai é a noite...

sexta-feira, 16 de novembro de 2018






Os gatos

As almas deles conversam com a minha
Trazem boas novas e trazem boas visitas
O barulho do vento são boas companhias
E os passos das pessoas que não vejo me abraçam
Descobri que os gatos são instrumentos de pessoas inesquecíveis
Escuto seus miados e me emociono
Eles dormem tanto por que passam os dias a emanar boas energias
E cansam... mas acordam logo depois com brilhos e eu caminho por essas luminosidades






Contadora

Para Marcia Caspary

Conta as gotas, conta as linhas, conta a história da carochinha
Conta um conto, conta um verso, conta a vida
Conta a cor, conta o som, conta a lida
Conta o segredo, conta por contar, conta a despedida
Conta o regresso, conta o beijo, conta quem vinha
Conta o vinho, conta a conversa, conta o filme da Frida
Conta o livro lido, conta o carinho, conta a surpresa
Conta do canto do canarinho, conta do pulo do gato
Conta um causo, conta um pouso, conta o primeiro ato
Conta do trem, conta do vagão vago, conta da viagem
Conta o que não viu, conta a miragem
Conta o primeiro despertar, conta o final de Betty Blue
Conta quando me viu pela primeira vez, conta da alegria
E conta comigo para sempre



quinta-feira, 15 de novembro de 2018


As parceiras

Bebem noites, mas adoram café da manhã...
Mastigam palavras poeticamente,
e cinicamente arrotam desaforos...
Conversam com anjos.
Passam os finais de semana no inferno.
Compram tapetes na feira livre.
Adoram tapetes voadores e persas...
Riem com cumplicidade e choram do mesmo modo.
Possuem palavras doces,
que transformam em cicatrizes outras palavras...
Mudam a sala a toda hora.
Fazem as malas a todo instante.
Adoram samambaias e cult movies.
São contraditórias,
mas nós amamos suas histórias...
E por paixão e risco nos entrelaçamos a elas...

(As parceiras não tem nexo. Nem sexo devem ter.
São línguas, do hiato ao plural. Muito de transbordar nada,
pouco de preencher tudo)

São assim as parceiras,
que muitas vezes nem primeiras são...
As parceiras são pele e flor.
Viver sem elas seria cômodo demais.






Conversas

Ainda assim, acredito em minha varanda, em minha rede, em minha poesia... acredito que tudo é simples demais e complicamos tudo. Ainda assim, acredito em andar de mãos dadas, em dormir de conchinha e outras posições de encaixes. Ainda assim, sigo a buscar, a "me" perder, a "me" encontrar e, tenham certeza que o tempo passa rápido
demais e precisamos aproveitá-lo com muito amor, em todos os sentidos. Ainda assim, continuo a passear na praia, a escutar as gaivotas e a todo o momento resgatar o menino que mora dentro de mim. Às vezes me pergunto se estou no mundo certo. A resposta vem rápida: com certeza, não.






O que se poderá ser terá o querer que se há?

Quem entenderá o olhar?
Àquele olhar que estou falando
Um não sei que
Que encaixa incômodo
O enfadar que enfarta o farto amor querido
Que existe num modo econômico
Para não gastar energia e beijo?

Quem entenderá o olhar hidramático?
Aquele que vê a marcha passar sem controle
Um não sei que
Que atravessa a faixa
O tentar que sua a testa
A sua testa que beira o tal olhar
E que assim se afasta do calor que assusta?

Quem entenderá o olhar decassílabo?
Àquele que nasceu soneto e virou quadrinha
Um não sei que
Que determina que nada saibamos
E que aumenta a transpiração e colore as meninas
De olhos soltos numa clara escuridão?



Contemporâneo
                      
Nosso romance começou num bar.
Eu, tomava seu tempo.
Você, vodca.

Depois fomos num teatro.
Eu assistia a peça.
Você pregava uma.

Fomos num motel.
Eu pedia uísque.
Você trazia o gelo.

(Enquanto eu tomava a iniciativa, você procurava a sua posição)

Você caía na cama.
Eu na vida.

Alguns meses depois, após o primeiro encontro,
encontramo-nos num trem.
Eu teimava que era primavera.
Você parava em qualquer estação.

Anos depois, soube por alguém,
que enquanto eu escutava Caetano,
você saía com Chico, meu melhor amigo.




As desculpas

Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo...
Nunca entendi tantos dedos,
já que eu sabia do que se tratava...
Vez por outra deixavam somente recados,
avisavam que não mais voltariam
e, logo depois, voltavam...
E com elas chegavam outras palavras,
que eu não entendia muito bem seus significados...
Mas até aquele momento,
as desculpas não se importavam com o que eu poderia ter achado...
Algumas chegavam bêbadas,
outras chegavam sem avisar,
e outras tantas  não sabiam nem o que falar...
Nunca me preocupei em entendê-las,
mas entendia o que elas queriam mostrar,
assim ficava mais fácil conjugar o verbo desculpar...
E assim foi quando eu perdi meu par...
Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo,
que me ensinaram de um jeito especial
a verdadeira face do gostar...



Marcas, tatuagens e silêncios

Espelhávamos na própria carne quando pressentíamos a dor
e tudo era uma coisa só e tudo era só
chamávamos segredo o que era intenção ardente
propúnhamos ser o que não éramos para resistir à vida
vez por outra éramos apunhalados por nossos medos
quebrávamos bússolas, rasgávamos mapas, sujávamos lentes
havíamos atingido toda a inconstância das coisas tidas como certas
e velas abertas singravam mares, bares, ares e alhos e bugalhos
entendíamos que assim resistiríamos mais
ledo engano
depois de algum tempo nos reencontramos e não falamos nada
mas havia em nossos olhares uma dor
que por não ter sentido algum
marcaria toda a nossa vida


Saudalejar

Seu nome saudade
Menina de seios rijos
Pouco ou nada de juízo
Cheiro de leite
Sabor de flor

Seu nome amor
Menino de dentes livres
Brancos que um dia eu tive
Cor de mar
Imensidão de grão

Seu nome paixão
Mulher de lábios fatais
Afã de talvez, clã de jamais
Música de cor
Verbo “saudalejar”




Tarde

Lá fora é tarde
Aqui dentro na sala
A vida arde
Desenho a tela
Com mertiolate

Cicatrizes contam histórias
Esparadrapos vestem as feridas
Quando tudo parece morrer
Aparece teu sorriso

O destino assopra



Os riscos e os ciscos

Deve-se ter tino quando se decide correr riscos,
depois do vinho juras de amor são endereços comuns,
ainda preciso ver a poesia na rotina, na retina
para acreditar em beijo no coração a vida inteira...



Desejo

Se não posso sentir
mais do que tu me permites
ainda assim sigo sentindo
tudo aquilo que não sentes
e, quando feres os meus olhos
com teus limites,
correm em minhas veias
desejos repentes
Ao contrário do que vês,
não sou tão pura,
pois minha boca
solta uma mulher ardente
enquanto crês que me tens,
sou vã procura
embora aches que sou completa,
vejo-me doente...
Ao passo que vives encanto,
sou tortura
e, quando vivo em brasa,
és decente
O que faço por amor
chamo loucura
Talvez, por isso,
eu seja inocente...



Fomes                                                                                                 

Era inevitável a queda
frente ao vazio que se fazia
era café sem bolacha, sem fatia
era fome o que o coração mostrava e dizia

Era inevitável o pranto
frente ao exposto
era lição sem cartilha
era um mar imenso sem nenhuma possível ilha

Era inevitável o fim
frente ao penúltimo capítulo que se escrevia
era final feliz sem nenhum par
era romance sem nenhuma poesia

A fome comia...




sábado, 10 de novembro de 2018


Perdas são também palavras que não foram ditas





Beirais


O amor é intenso se for
Se for verdade, se for amor
E intenso não é loucura cem por cento
Intenso é ser verdadeiro todo o momento
Se não o que nos move pode ser somente um vento
Ou um veto

Decididamente e de certo
Pandorgas necessitam de mãos e de quem as guie
Decididamente e de certo
Mãos nescessitam de sonhos e de linhas
Entenda, pois, dois é uma equação singular de tantos graus
Mas não use luvas

Nunca usei atalhos... a pressa não me encantava
Demorei para fazer quase tudo e quando fiz por que eu amava
Esqueça as bulas e as fórmulas
Esqueça a cartilha e a agonia de ter somente
Beija sem tempo e em qualquer lugar
Sujeito indeterminado é o que não soube amar
Nunca fui sujeito oculto e isso dói demais

Cansei... Isso não quer dizer que desisti...
O egoísmo das pessoas me fere
Sou uma peça apenas num mundo muito frio
Adoro rios, mas sei das correntezas
Adoro mares, mas sei dos repuxos

Minha poesia é minha amante e minha confidente
E ela viverá depois de mim
E isso me conforta
O mundo com tantas portas e
Eu a fazer sonetos às janelas

quinta-feira, 8 de novembro de 2018


Canção dos Bambus que Acalentam a Alma

(Para Marcia Carneiro)

Escuto teu som
Moldura da noite que me abraça
Na vida se perde tantas coisas
Mas muitas outras
se acha

Suavemente se perde a calma
Suavemente se ganha a compreensão
Tudo assim meio à flor da pele
Num movimento de jardins, de marés, e
De outras almas

Sinto quando vergas
Pressinto o vento que te abate
Na distância descobri tuas entrelinhas
Estrelinhas numa noite sonhada e tão brilhante

O movimento muda, o pensamento voa
Sonhos são mudas, margaridas plantadas em canoas
Embora muitas vezes vejo teu silêncio
E o mundo pressiona que cantes
Compreendo teu grito e canção nesse hiato de voz
Nos percamos mais em nós

Sabemos que mecanismos nos afastam do simples
Sabemos dos encantos que moram nos bambus
Assim seremos intensos da nossa maneira
Pés descalços, ombros nus
Numa colheita que cabe em cada um