quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

 Eu conheço esse olhar, nem te conto o conto que vejo

Atormentava meu corpo e alma quando não sabia dele

Deixei mensagens em garrafas e escritos em azulejos

As gaivotas eram minhas asas, meus caminhos e meu correio

Ah, encantadoramente eu a via sem vê-la

Pois sua imagem estava nos quadros, nas ruas, nas estrelas

Era um querer mais do que o tanto, mas a ausência ardia

Virava noites, escondia os dias, num calendário que só eu sabia

Nunca, de forma nenhuma, esqueci esse olhar

Ele me acompanhava, momentos de tristezas ou de alegrias

Lá estava ele a me provocar, um brincar de esconde-esconde

E tudo era tão difícil, tão longe

E um dia, num fim de tarde encantado, sem que eu esperasse

Esse olhar bateu em minha porta sem dizer nada

E senti que ele já me via

Poucas palavras ditas.

E num silêncio gritante, desses silêncios falantes

Os olhares se beijaram, a aparentar que jamais ficaram distantes

Ah, eu conheço esse olhar agora, depois, o mesmo olhar de antes

Nenhum comentário:

Postar um comentário