terça-feira, 11 de novembro de 2014

A cor

A minha cor não tem a cor tua
Já teve a tua cor a minha cor
Já chamei amor o que era só loucura
O teu beijo já foi a minha cura
E a lua que era nova e nua
Nascem esquecendo a dor
Éramos torpor
Antes de sermos ternura
Isso preenchia o cedo
E fazia esquecer o temor

Estávamos a um beijo de tudo

(2010)
Desejo

Se não posso sentir
mais do que tu me permites
ainda assim sigo sentindo
tudo aquilo que não sentes
e, quando feres os meus olhos
com teus limites,
correm em minhas veias
desejos repentes
Ao contrário do que vês,
não sou tão pura,
pois minha boca
solta uma mulher ardente
enquanto crês que me tens,
sou vã procura
embora aches que sou completa,
vejo-me doente...
Ao passo que vives encanto,
sou tortura
e, quando vivo em brasa,
és decente
O que faço por amor
chamo loucura
Talvez, por isso, eu seja
inocente...

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O coração explode... 
um arrepio grita teu nome... 
a esquina foi tatuada com minha sede.... 
e tua ausência me dá fome...
Um conto de sarda


Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina


Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina


A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina
Frases assim assim


Não me venhas falar de falta de espaço, no mesmo momento em que olhas para o céu...
Nada é exato. O resto da vida pode ser o próximo minuto ou os próximos cem anos...
O destino não dorme, toma garrafas e garrafas de café e conversa noites inteiras reinventando o amor.


Quadrinha “indecente” de saudade
A lua versa. A lua é prosa. A lua ao ler meus pensamentos, goza.


Pequena canção de amor passageiro
Minhas janelas adoram tua paisagem.


Sobre o amor
Ao ver o mar mergulho e sempre mergulharei.
Como ter sede de mar e não naufragar algumas vezes?


Olhares
As luas novas que prateiam o céu são bem mais lindas quando te veem.
Teu reflexo faz a noite ser a mais linda manhã que eu já vi...

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Sempre era o caminho sonhado
Mas o talvez, que era um menino malvado
Brincava de querer ser o nunca mais
Sempre tinha tanta confiança
Que desde quando era tão criança
Não conversava com o jamais
Por querer o querer sempre e tanto
O sempre cresceu sincero
E no esmero da mãe felicidade
O sempre por ser canto e mais
Ainda tornou-se eterno
Quero o riso daquele sonhado riso mais sincero
Daquele que o amor se faz encantadoramente eterno
Gargalhadas por que o amor merece
Cobertores que a linha do querer tece
E que nos cobre do sentimento mais nobre que existe
Amor não quer dizer que tudo se faz alegre
Mas, amor quer dizer que com ele o triste não é tão triste
Entendemos, pois
Que ao querermos o tanto
É preciso beijar a imensidão
Valorar quem te faz sorrir
Ventar até perder o ar
Fazer a fala decorar a cor da cor
do texto do coração

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Um conto de sarda


Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina


Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina


A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina
Manhãs
A linha do meu coração usa um terno pelo avesso
e dança em bailes de lembranças que eu guardava em segredo.
Essa chuva
Acende uma chuva aqui dentro
Vindo de um lustre com uma luz fraca
Uma dor conta pingos
Uma espera que o destino crava
Um “não sei lá” que responde tudo
Uma alma que não se lava
Um grito encharcado e mudo
Um querer quase absurdo
Vontade de te ver
Um amor que me faz ser
Tudo àquilo que eu sempre quis ser
E essa chuva que não pass
Lembrança é a ferrugem pelo arame da saudade...
EMBARCAÇÕES

Vislumbrava a cor daqueles olhos que há tanto não via.
E lia nas entrelinhas da noite escura uma claridade.
Olhos de dor, mas ao mesmo tempo de inundação de mar.
Provocações de bar e recados em guardanapos.
Saudade recém-chegada.
Saudade embarcada.
Saudade distraída.
Caída diante dos olhos sonhados.
Caída deliciosamente sobre o corpo.
Caída intencionalmente no colo querido.
Vislumbrava a cor daqueles olhos,
Para poder estar mais perto daqueles olhos tão amados.
Incendiados por uma solidão incontida.
Detalhada em sonhos que vivi acordado.
Vislumbro tua chegada todos os dias, todas as manhãs.
Quando da tua chegada descreverei realmente o que seja claridade.
E entenderás todo o tamanho das palavras que escrevo agora.
O coração explode... 
um arrepio grita teu nome... 
a esquina foi tatuada com minha sede.... 
e tua ausência me dá fome...
Caixinhas

Temos o medo guardado em caixinhas no quarto.
num quarto de hora,
num quarto de hotel,
num quarto de nunca mais,
num quarto de pão...
Temos o medo guardado em caixinhas no quarto...
Mergulho

às margens do teu rio eu mergulho sem medo
neste momento
não tenho frio
não tenho dúvida
não tenho segredo

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Um conto de sarda


Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina


Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina


A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina
Boas companhias

Leminski passe a vodca, fala Cazuza
Bucowiski bebeu toda conversando com Drummond, responde Renato Russo, 
mas tem outra garrafa comigo, ele esclarece
Vinicius joga ludo na sala com Tom
Quintana joga conversa fora no Majestic com Érico
Pessoa toma chá na varanda com Marta Medeiros
O que colocaram neste chá? pergunta o português
Florbela declama e os olhos fixos de Chico já desenham uma canção
Gullar, Cecília e Borges assistem de novo Betty Blue
Amélie bebe o destino encantadoramente e uma festa se faz.
Cartola chama o síndico...
“Ai se o mundo inteiro me puder ouvir...” Tim-tim, Tim Maia.
“Com que roupa que eu vou?”, pergunta Lupi.
Noel responde “Vá vestido de felicidade”

Essa chuva

Acende uma chuva aqui dentro
Vindo de um lustre com uma luz fraca
Uma dor conta pingos
Uma espera que o destino crava
Um “não sei lá” que responde tudo
Uma alma que não se lava
Um grito encharcado e mudo
Um querer quase absurdo
Vontade de te ver
Um amor que me faz ser
Tudo àquilo que eu sempre quis ser
E essa chuva que não passa

Cartografia

Engoliu à seco para lavar a alma... Naufragou, logo a seguir respirou e ao levantar a cabeça avistou novas terras... Acabei aprendendo com a cartografia o prazer de me perder, o prazer de desejar sempre a liberdade, seja qual forem os cursos d’água... Vou bem entre minhas loucuras e as fotografias amareladas que ainda guardo. Vejo o futuro com bons olhos e o amor parece que floresce, logo posso colhê-lo... quem saberá... Infinitamente eu me permito parar de vez em quando... Nesse momento, aí eu ando..
Bêbado

Toma café,
toma vergonha,
toma ônibus,
toma banho,
toma jeito,
toma cachaça...
E quando quiseres...
Toma meu coração. 

Motivo

Quando uma corda puxa a noite
O dia vai e se enforca de ciúme.
Quando uma corda puxa o dia
A noite vai e ser enforca de ciúme.
Quando chega a madrugada
A noite e o dia se enforcam com a mesma corda